Fungicida para milho: saiba quando aplicar
A cultura de milho no Brasil tem se tornado tão forte, para os mercados interno e externo, que atualmente existem três safras anuais desse grão. Inclusive, entre os três maiores produtores, o nosso país é o único com essa característica. Esse privilégio é explicado pelo melhoramento das práticas de plantio, como o uso de fungicida para milho.
Isso é importante porque esse tipo de cultura é propensa a algumas doenças envolvendo fungos que podem comprometer a qualidade da colheita e impactar a produtividade. Entretanto, para que o investimento nessa produção tenha um bom custo-benefício, é preciso conhecer as principais doenças fúngicas, o nível de resistência ao defensivo agrícola etc.
Pensando nisso, preparamos este artigo para tirar essas e outras dúvidas frequentes relacionadas ao uso de fungicida para a cultura do milho. Continue conosco e fique por dentro!
Quais são as doenças fúngicas da cultura do milho?
Listamos as doenças mais comuns nesse tipo de grão, além de sintomas, lugares com maior distribuição e outras informações relevantes. Acompanhe!
Mancha branca
Ela se caracteriza pelo surgimento de manchas amarelas e marrons nas folhas e na palha. Com o tempo, elas resultam em necrose, com buracos e encurvamento das folhas. Esse tipo de doença é um dos mais comuns, com propagação em todo o território nacional.
O fungo causador da mancha branca é o Phaeosphaeria maydis, cujos danos dependem do estágio em que o problema foi descoberto e tratado. Se descoberto no início, tende a haver uma redução na produtividade do milho de 20%, segundo a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios. Isso porque, nessa fase, as lesões costumam ser menores.
Porém, o quadro pode avançar e atingir folhas acima da espiga no florescimento da cultura. Nesse caso, as lesões ficam maiores, e também pode ocorrer uma junção das feridas, levando à morte total ou parcial da folha. Consequentemente, o potencial de danos na produtividade é de 60%.
A mancha branca também pode surgir pela bactéria Pantoea ananatis, que pode também ser combinada com a ação do fungo.
Cercosporiose
É uma doença comum no milho, principalmente nas áreas de plantio do Centro-Sul do Brasil. Os sintomas são manchas marrons, que assumem um tom de cinza com a progressão da doença, retangulares e irregulares que seguem o sentido das nervuras das folhas.
Normalmente, os primeiros sinais surgem no estágio de floração até colonizar o limbo foliar, caso não seja tratado logo, e causar necrose. Ou seja, a planta começa a amarelar e a morrer.
Esses sintomas são disseminados por meio de pequenas estruturas de fungos presentes em restos de outras culturas espalhadas pelo vento ou chuva. Então, a alta incidência dos fungos pode diminuir a área fotossintética e a produção do milho.
Ferrugem polissora
Especialmente presente nas áreas da região Centro-Oeste, do Noroeste de Minas Gerais, de São Paulo e de parte do Paraná, com destaque para áreas de cultivo com altitudes inferiores a 700 m. A explicação é que o Puccinia polysora, fungo causador do problema, se espalha com facilidade pela chuva e pelo vento.
O surgimento do fungo causador dessa doença traz como sintomas círculos de coloração marrom-clara distribuídos, principalmente, pelas folhas. Com o passar do tempo e a chegada da fase de maturação do milho, as manchas ficam mais escuras.
Inclusive, a planta também pode ser muito afetada por uredósporos, tipo de esporo produzido pelo fungo. Então, é possível que o corpo e a roupa dos produtores rurais que transitam pela lavoura sejam manchados com esses esporos. Os danos na plantação podem causar morte prematura das plantas e desperdiçar safras.
Ferrugem comum
Além da polissora, a plantação de milho pode ser atacada pela ferrugem comum, que apresenta ocorrência em todo o território nacional. Porém, a doença é mais severa na Região Sul do país. Os sintomas são muito parecidos com os da polissora, embora as pústulas sejam formadas nas partes da folha, facilitando o rompimento dela.
Apesar disso, a ferrugem comum é menos severa, devido especialmente ao melhoramento genético da plantação, que trouxe mais resistência ao ataque de fungos. De todo modo, fique de olho em lavouras com alta umidade e baixa temperatura, cenário propício para o aparecimento dessa espécie.
Ferrugem tropical ou ferrugem branca
Esse tipo de doença também ataca a folha do milho, em ambas as superfícies, provocando manchas de cor amarelada a castanha. A prevalência é maior nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, com destaque para a área norte de São Paulo.
Isso tende a ocorrer especialmente em plantios contínuos de milho e no período da safrinha. Assim, a cultura do milho tende a ser severamente afetada, ainda mais se a doença surgir antes do florescimento.
O que é e para que serve o fungicida para milho?
Para combater as doenças citadas e minimizar os danos, existem alguns defensivos agrícolas para a cultura milho. Trata-se de um instrumento de controle de agentes fúngicos. Além disso, ele também visa elevar a produtividade e o lucro das lavouras, que poderiam ser comprometidas pelos danos econômicos dos fungos.
Entretanto, para que o produtor rural tenha bons resultados com a aplicação do fungicida, é preciso levar alguns aspectos em consideração. Entre eles, o produto escolhido, as condições climáticas, o momento ideal da aplicação etc.
Quando aplicar o fungicida no milho?
A aplicação deve ocorrer no estádio V8 da cultura e de forma preventiva, evitando a incidência de fungos nos momentos R1 e R2 da cultura.
Além disso, é indicado aplicar o fungicida no milho antes de os ‘’cabelos’’ da espiga surgirem, quando o pendão, órgão responsável pela produção e liberação dos grãos de pólen, ainda não tem os ramos totalmente visíveis.
Essa é a etapa do crescimento em que o milho fica mais vulnerável e suscetível ao surgimento de doenças, mesmo que ainda não apresente sintomas claros. Também é o período em que o ataque de fungos tende a não causar danos severos.
Caso contrário, ao errar no momento da aplicação, você pode causar a desfolha precoce, reduzindo a produtividade. De modo semelhante, agir tardiamente reduz o potencial de combate do fungicida.
Intervalo de aplicação
A segunda aplicação deve ocorrer de acordo com as informações contidas na bula do produto.
Horário
O horário indicado de aplicação é em temperaturas mais agradáveis e com umidade relativa do ar superior a 60%. Isso ocorre comumente no começo da manhã e no final da tarde.
Outra indicação é não aplicar o produto quando a planta estiver em situações de estresse, associadas a condições climáticas, falta de água etc. Afinal, isso dificulta a absorção do defensivo agrícola.
Quais os cuidados necessários na aplicação do fungicida?
Como visto, esses defensivos agrícolas visam elevar a produtividade do milho e prevenir ou controlar doenças. No entanto, se os cuidados na aplicação — para além do intervalo de tempo, horário recomendado e dosagem da bula — não forem seguidos, pode haver riscos. Entre eles, a contaminação do solo e da água, recursos fundamentais para a manutenção da lavoura. Por essa razão, acompanhe a seguir os cuidados necessários!
Análise das condições climáticas
Conforme mencionado, aplicar o fungicida sob condições estressantes dificulta a absorção do produto pela planta. Por exemplo, se houver sinalização de que irá chover, a água pode espalhar o produto e diminuir consideravelmente o potencial do defensivo agrícola. Além disso, o produtor rural desperdiça recursos ao investir no fungicida que não será aproveitado.
Por outro lado, uma plantação que precisa de irrigação não pode receber o defensivo agrícola, por não ter nutrientes necessários para a absorção. A mesma lógica é válida para quando houver ventos fortes. O ideal é que eles não sejam tão elevados, a ponto de causar deriva e evitar que o produto chegue ao alvo, ficando entre 3 e 7 km/h. Por isso, é importante contar com recursos tecnológicos que monitoram o tempo.
Boa cobertura da cultura
O foco na aplicação do fungicida deve ser principalmente para cobrir folhas do milho do terço médio e superior. Elas são consideradas as mais produtivas em relação à produção de grãos. Ainda assim, algumas doenças de fungo iniciam o ataque no terço inferior. Logo, monitorar essas folhas é tão importante quanto as demais.
Escolha adequada do pulverizador
É recomendado aplicar defensivos agrícolas com bicos que tenham pontas de jato plano defletor. Assim, ao induzir o jato sobre as plantas, a probabilidade é menor de o produto ser espalhado no ar durante ou após a aplicação e atingir menos o local desejado.
Outra sugestão é o bico cônico de turbulência, que funciona com pressões mais elevadas e gotas mais finas. Consequentemente, a aplicação do fungicida tende a ter um maior potencial.
Além disso, ajuste a altura da barra para cerca de 50 cm em relação ao alvo e analise se a quantidade de gotas é suficiente para a planta.
Tecnologia de aplicação
Priorize a aquisição de defensivos agrícolas sistêmicos, absorvidos no local de aplicação pelas raízes ou cutículas das plantas. Além disso, o fungicida também pode ser translocado pelos vasos condutores dos milhos. Contudo, o potencial desse defensivo agrícola depende do momento da aplicação, que não pode ser tardio.
Quais os melhores fungicidas para tratamento de milho?
Existem mais de 200 defensivos agrícolas indicados para prevenir e controlar doenças na plantação de milho. Os principais fungicidas sistêmicos são:
- triazóis (não é recomendado aplicá-lo isoladamente);
- morfolinas;
- estrobilurinas;
- benzimidazóis;
- carboxamidas.
É importante analisar o nível de eficácia desses produtos e a atualização das soluções. Isso porque os fungos passam por mutações e adaptações que podem tornar os defensivos agrícolas ineficientes. Logo, insistir neles pode representar desperdício de recursos e perda de tempo.
Por isso, os fungicidas para combater fungos em milhos passam por atualizações para garantir eficiência no controle de doenças.
Então, entendeu como fungicidas podem ser aliados para proteger a cultura do milho no Brasil? Eles previne e controlam doenças que poderiam causar danos econômicos ao destruir safras e a produtividade.
Aproveitando que está por aqui, continue no blog e saiba como escolher o tipo ideal de plantadeira de milho para otimizar a produção.