fertilidade do solo

9 indicadores de fertilidade do solo

Quem é agricultor sabe que o ponto-chave para o sucesso de qualquer cultura está na análise eficiente da fertilidade do solo. Mas, para que esta etapa seja bem executada, é preciso ter conhecimento dos melhores indicadores.

Você sabe quais são e o que é preciso levar em consideração de acordo com as características do solo? Se tem dúvidas, veio para o lugar certo! Neste guia completo, falaremos com detalhes sobre os indicadores, além de mostrar um passo a passo de como fazer a amostragem na hora da análise.

Continue lendo e saiba das melhores dicas para não errar nessa etapa decisiva do campo!

Quais são os principais indicadores de fertilidade do solo?

O segredo para atingir excelentes produtividades depende do alinhamento dos parâmetros químicos, físicos e biológicos do solo. Cada um desses três aspectos proporciona avanços nas lucratividades, desde que você conheça os indicadores responsáveis por tais melhorias. Portanto, confira quais são os principais.

1. pH

Este indicador permite avaliar o grau de acidez do solo. As práticas de cultivo, fertilização e manejo têm efeito direto na variação de seu pH, e essa mudança repercute na quantidade de nutrientes minerais, micronutrientes e alumínio presentes e disponíveis no solo.

Os níveis de pH variam entre 0 a 14, com 7 sendo considerado neutro. Abaixo de 7, o meio é considerado ácido; e acima, alcalino.

Os solos brasileiros, geralmente, são ligeiramente ácidos, sendo que o ideal está na faixa entre 5,5 a 6,0 na água, ou entre 4,9 a 5,4 em CaCl₂ 0,01 M, pois esta é a faixa que apresenta melhor disponibilidade de nutrientes. Esta é uma regra geral, embora algumas plantas possam se adaptar a valores fora da faixa. Por isso que é exigida uma análise de cada caso.

Além disso, o pH influencia fortemente na toxidez do alumínio, pois quando ele se encontra abaixo do esperado, Al3+ (alumínio na forma trocável), prejudica o desenvolvimento radicular, além de preencher as cargas das argilas, o que impede que cátions importantes, como cálcio, magnésio e potássio, fiquem presentes e sejam absorvidos pelas culturas e prejudicando a fertilidade do solo.

2. Soma de bases

A soma de bases é um bom indicador de qualidade, porque está relacionada com a capacidade do solo de reter nutrientes e manter o equilíbrio químico necessário para o crescimento saudável das plantas.

Ela é feita pelos íons carregados positivamente presentes no solo, que são o cálcio (Ca2+), o magnésio (Mg2+), o potássio (K+) e o sódio (Na+), entre outros.

A sua proporção influencia diretamente outros componentes, como o alumínio (Al3+) e o hidrogênio (H+) — que, como citado anteriormente, podem afetar a disponibilidade de nutrientes para as plantas e também influenciar o pH do solo.

Quando a soma de bases é elevada, isso indica que há uma maior quantidade de nutrientes disponíveis no solo e que o seu pH está em um nível mais equilibrado.

Por outro lado, quando a soma de bases é baixa, pode haver deficiência de nutrientes para as plantas e o pH do solo estar bastante ácido, o que prejudica a fixação da cultura.

3. Macronutrientes e micronutrientes

Os macronutrientes e micronutrientes são indispensáveis na análise de uma boa fertilidade do solo e, a depender de cada caso, as suas exigências podem variar. Confira os principais:

  • macronutrientes: nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, enxofre e magnésio;
  • micronutrientes: boro, cobre, ferro, manganês, zinco, cloro, molibdênio e níquel.

Além de conhecer sobre os macronutrientes e os micronutrientes, existem dois pontos que você precisa considerar:

  1. O primeiro tem a ver com a quantidade de sódio: se for elevada, a salinização do solo afetará diretamente a produção agrícola.
  2. O segundo se refere ao método de extração para identificar a quantidade dos nutrientes, em especial o fósforo. O sistema IAC (que mede o teor de fósforo por meio da resina trocadora de íons) e o sistema Embrapa (que usa o método de Mehlich-1) são os mais populares.

É essencial ter em mente o tipo de extrator que foi empregado, pois as medições obtidas serão diferentes. Se você quiser assegurar a quantidade exata de fósforo no solo, utilize a tabela de recomendação de acordo com o modelo selecionado para uma fertilidade do solo precisa.

4. Alumínio trocável

Este indicador relacionado com a fertilidade do solo é crucial para indicar a acidez e o potencial tóxico do alumínio para as plantas.

Isso porque esse componente é um elemento químico presente em muitos solos brasileiros, sendo, geralmente, encontrado em formas não disponíveis para as culturas. No entanto, nos ácidos, ele pode se tornar solúvel e tóxico para as raízes, causando a inibição do seu crescimento e afetando negativamente a produtividade.

Além disso, a quantidade de alumínio trocável também pode ser um indicador sobre o grau de acidez do solo, uma vez que a sua solubilidade está diretamente relacionada ao pH, ou seja, solos com pH mais baixo tendem a ter maiores concentrações desse componente.

5. Acidez potencial

Como bem sabemos, o pH do solo é uma medida da acidez ou alcalinidade, está relacionado com a disponibilidade de nutrientes para as plantas e o ideal, para maioria das culturas, está na faixa de 6,0 a 7,0.

Quando ele está abaixo desse intervalo, o solo é considerado ácido, o que pode limitar o crescimento das plantas, reduzindo a disponibilidade de nutrientes como cálcio, magnésio, fósforo e potássio.

Dessa forma, a acidez potencial é uma medida da quantidade de íons de hidrogênio (H+) presente no meio, que pode ser liberada e causar a acidificação. Assim sendo, quanto maior a acidez potencial, maior é o parâmetro de acidificação.

O conhecimento deste indicador permite que você, produtor, estime o quanto o terreno pode acidificar e, assim, tomar medidas preventivas, como a aplicação de corretivos, como a calagem.

Além disso, a acidez potencial também é importante para a determinação do tipo de corretivo a ser utilizado, já que diferentes modelos possuem capacidades de neutralizações específicas.

6. Saturação por bases (V%)

Este indicador é a proporção entre a soma de bases trocáveis no solo e a capacidade de troca de cátions (CTC), como cálcio (Ca2+), magnésio (Mg2+), potássio (K+), sódio (Na+), entre outros, multiplicada por 100. Assim, quanto maior a saturação, maior a quantidade de bases trocáveis disponíveis no solo.

Dessa forma, esse indicador demonstra que a fertilidade do solo possui uma boa capacidade de reter nutrientes para as plantas.

Além disso, ele também pode apontar um equilíbrio químico adequado no solo, pois as bases estão em proporção em relação aos cátions ácidos, como o alumínio (Al3+) — o que ajuda a impedir a absorção deste componente nocivo devido às interações químicas dos outros minerais.

Por outro lado, uma baixa saturação pode indicar deficiência de nutrientes no solo, bem como um desequilíbrio químico, afetando a disponibilidade de nutrientes para as plantas e limitando o crescimento das culturas.

7. Teor de saturação por sódio

Principalmente na região semiárida e em locais próximos ao litoral (regiões em que predomina o solo arenoso), o teor de sódio no solo torna-se crítico para o crescimento das plantas. Por isso, o Índice de Saturação de Sódio deve ser determinado para avaliar a qualidade do solo.

Este indicador se refere à proporção entre o sódio (Na+) e as outras bases trocáveis presentes no meio, que é expressa em porcentagem.

Portanto, a presença de altos teores de sódio pode causar a dispersão das partículas, resultando em uma estrutura de solo compactada e impedindo a infiltração adequada de água.

Isso pode levar à formação de crostas superficiais, aumentando a erosão e também reduzir a capacidade de reter água, afetando negativamente as culturas.

O teor de saturação de sódio é um indicador importante porque pode fornecer informações sobre a presença de altos teores do sal e, também, os riscos do solo se tornar compactado e impedir a infiltração de água.

Com base nesse indicador, os produtores podem tomar medidas preventivas, como a aplicação de corretivos de sódio, para evitar essa compactação do solo e manter a disponibilidade de água para as plantas.

8. Matéria orgânica

A matéria orgânica auxilia a melhorar a estrutura do solo, tornando-o mais poroso e permitindo a infiltração de água e ar, bem como otimiza a capacidade de retenção de água do solo, o que é importante para garantir que as culturas sempre tenham água disponível.

Outro ponto crucial é que ela é uma importante fonte de nutrientes para as plantas. Isso porque a sua decomposição libera nutrientes como nitrogênio, fósforo e potássio (NPK) gradativamente. Nas culturas, eles são cruciais para a formação de biomassa, o metabolismo celular e a boa frutificação.

Também não podemos esquecer das vantagens na atividade biológica, fornecendo um ambiente favorável para os micro-organismos benéficos e para manter a fertilidade do solo. Todavia, para a elevação dos índices de matéria orgânica no solo são necessários anos de aporte de matéria vegetal e boas práticas de conservação.

9. Capacidade de troca de cátions (CTC)

Este indicador está diretamente relacionado à capacidade do solo de armazenar nutrientes essenciais para o crescimento das plantas. A CTC é definida como a soma total de cargas elétricas negativas dos coloides do solo (tais como argila e matéria orgânica), que são capazes de atrair e reter cátions (íons positivos), como cálcio (Ca²⁺), magnésio (Mg²⁺), potássio (K⁺), sódio (Na⁺) e hidrogênio (H⁺).

Dessa forma, quanto maior a CTC de um solo, maior será sua capacidade em reter cátions, mantendo-os na zona radicular das plantas, reduzindo sua lixiviação para camadas mais profundas. Isso significa que as culturas terão acesso a uma maior quantidade de nutrientes, favorecendo o desenvolvimento eficaz. Além disso, solos com alta capacidade de troca de cátions são mais resistentes a alterações de pH, pois possuem maior aptidão de neutralizar a acidez ou alcalinidade.

Dessa forma, a CTC é um dos principais pontos relacionados à fertilidade do solo. Quando alta, maior a quantidade de nutrientes disponíveis, ao passo que áreas com baixa CTC indicam menor fertilidade.

Como analisar a fertilidade do solo?

Além de conhecer os indicadores de qualidade, outro fator imprescindível é saber como fazer a análise corretamente. No entanto, avisamos que é fundamental contar com um profissional, como um engenheiro agrônomo, para a obtenção de um resultado mais preciso.

O produtor que se dedica à avaliação do solo e à identificação das características químicas e físicas está em vantagem para tomar decisões acertadas, que favorecem o gerenciamento da lavoura e maiores lucros com objetivos palpáveis, como:

  • manutenção da produtividade ao longo prazo;
  • otimização nas correções necessárias na lavoura;
  • capacidade de descobrir quais são as limitações contra o desenvolvimento agrícola.

De maneira geral, existem três tipos de análise:

  • a química completa, em que são avaliados minuciosamente todos os teores de macronutrientes e micronutrientes;
  • a química básica, na qual são realizados testes simples nos teores químicos, físicos e biológicos, para ter uma noção prévia;
  • a análise física, que tem como principal avaliação a granulometria, com a porcentagem de areia, silte e argila.

Dessa forma, para realizar essa etapa, é preciso seguir alguns passos iniciais. Confira!

Defina a época para realizar a análise

Não há um momento exato em que o procedimento deva ser realizado. No entanto, é mais eficaz executá-lo em épocas favoráveis. Por esse motivo, é recomendável que seja realizado no início da estação seca, com alguma margem antes do período de plantio.

Também após a colheita em culturas de produção contínua, é importante fazer a amostragem. É necessário lembrar que não se deve fazer a coleta depois de aplicar fertilizantes, como os organominerais e fertirrigação, pois esses produtos podem influenciar os resultados da avaliação nas questões da fertilidade do solo.

Divida o lote a ser avaliado em porções

Após selecionar a melhor época para realizar a avaliação, é hora de escolher um local apropriado para a coleta das amostras. Ainda que seja uma propriedade grande, é preciso dividi-la em regiões de até dez hectares cada, o que pode ser realizado por meio de glebas, porções ou subtalhões.

Com base no histórico de manejo do local, na coloração, perfis, textura do solo e relevo, podemos efetuar a divisão, que vai fornecer a definição de áreas homogêneas e específicas, facilitando a análise de todas as mudanças do terreno.

Colete as amostras do solo

É importante coletar entre 15 e 20 subamostras de solo de cada setor da propriedade. Mas, antes disso, remova toda a vegetação, restos culturais e resíduos do solo, para evitar mascaramento no resultado das análises.

Após a preparação da área, é preciso usar uma enxada para cortar a terra. Após esse momento, utiliza-se um trado e perfura-se em diferentes profundidades, comumente de 0 a 20cm e 20 a 40cm para culturas anuais e graõs. As subamostras de uma área de coleta devem ser colocadas em um balde e misturadas, gerando uma amostra composta que deve ser encaminhada para análise em laboratório.

Qual é a importância do equilíbrio da fertilidade do solo?

Compreendendo os sinais de fertilidade e as demandas nutricionais da cultura, a adubação torna-se mais precisa. É vital ter uma previsão da safra para manter as quantidades adequadas de nutrientes. Além disso, um equilíbrio acertado influencia na qualidade do solo, seja ela biológica, química ou física.

Este foi o nosso conteúdo completo sobre a fertilidade do solo para uma melhor análise da sua lavoura. Lembre-se de que a falta de nutrientes na cultura é facilmente notada pelos sinais, principalmente a coloração das folhas. Portanto, avalie regularmente os indicadores aqui apontados para evitar prejuízos nessa questão.

O guia foi útil na tirada de dúvidas? Outro ponto essencial para o sucesso é saber como construir o perfil do solo da propriedade. Para isso, preparamos um conteúdo detalhado sobre o tema. Confira!

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2 Comentários

    Muito maravilhoso é observar pessoas importantes trabalhando para o desenvolvimento de nosso país. Tudo que está escrito neste site eu sei escrever um pouco, mas gasta um pouco de tempo e aqui ja está tudo bem resumido. Eu faço parte da economia circular, tenho 73 anos, tenho pensamentos como um jovem de 35 anos. Um afetuoso abraço.

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