O que é plantio direto e como funciona esse método
O sistema plantio direto (SPD) é um método de manejo do solo que usa de práticas agronômicas integradas que viabilizam técnica e economicamente o contínuo semear ou plantar sem preparo prévio do solo. É o método mais conservacionista de trabalhar a terra para fins agropecuários.
Para adotar o SPD, é indispensável conhecer os princípios que o regem, as necessidades e as exigências fundamentais, bem como as limitações e dificuldades que o sistema acarreta.
Este artigo apresenta as vantagens e desvantagens do método, bem como as principais diferenças dele em relação ao plantio convencional. Acompanhe.
O que é plantio direto?
O Sistema de Plantio Direto, comparativamente a outras formas de manejo, potencializa a obtenção do equilíbrio dinâmico do agroecossistema. Nesse sentido, tem como objetivo a produção sustentável e a busca pela rentabilidade do sistema agrícola produtivo, fundamentando-se em três princípios essenciais:
- não perturbação do solo (limitada à linha de semeadura ou covas para as mudas);
- manutenção constante de cobertura no solo (por meio de plantas vivas ou palhadas);
- promoção da diversificação de plantas na rotação de cultivos.
A Árvore do Conhecimento do plantio direto, elaborada pela Embrapa, é como um guia que mostra o que é possível fazer para cuidar da terra da melhor forma. A publicação explica, de maneira simplificada, o que podemos fazer com o solo, as plantas, os animais e os equipamentos na fazenda, além de trazer informações extras para quem quiser saber mais sobre o assunto.
Como funciona o Sistema de Plantio Direto?
No plantio direto, o uso de implementos como arado e grade leve niveladora — comuns na preparação convencional do solo antes da semeadura — é reduzido, visto que nesse sistema é importante evitar intercalações, como aração ou gradagem.
Uma ação importante para o êxito do plantio direto é manter restos de culturas (como trigo, milho, aveia e milheto) na superfície do solo, dispersando a palha seca com um trator equipado com rolo-faca ou roçadeira.
Na sequência, usa-se uma semeadora específica para plantio direto, capaz de “rasgar” a palha que cobre o solo para depositar as sementes e o adubo em pequenos sulcos. A maior parte do solo continua coberta por palha (cobertura morta ou mulch), preservando a qualidade, reduzindo as variações na temperatura e umidade e protegendo-o da compactação e da erosão.
No caso de chuvas intensas, o impacto das gotas de chuva é amenizado pela palha antes de atingir o solo. O plantio direto permite seguir o calendário agrícola e validar as recomendações do zoneamento, atraindo o interesse das seguradoras, o que torna a atividade agrícola mais viável.
Aspectos ambientais
O sistema de plantio direto é tão positivo que tem um dia dedicado a ele. O potencial para o ambiente faz com que seja considerado uma técnica agrícola revolucionária que põe a agricultura brasileira em destaque no cenário mundial.
Esse modelo de produção favorece o meio ambiente e o desenvolvimento de uma agricultura sustentável, por gerar impactos extremamente positivos, tais como:
- redução da erosão hídrica e eólica;
- diminuição das emissões de gases do efeito estufa;
- diminuição do consumo de combustíveis fósseis e agroquímicos;
- aumento da infiltração de água;
- otimização da eficiência dos fertilizantes utilizados;
- restauração da matéria orgânica, biodiversidade e resiliência do solo.
Além do impacto ambiental positivo, agricultores que cultivam milho, soja, trigo, feijão e arroz adotam o plantio direto devido às vantagens que o método traz, como:
- maior flexibilidade na semeadura, que pode ser feita com intervalos maiores após chuvas intensas;
- melhor aproveitamento das épocas de plantio, com cobertura de área mais extensa no mesmo período, especialmente em épocas com chuvas esparsas.
Custos de produção
O plantio direto tem custos mais altos em curto prazo (até quatro anos) devido ao investimento em herbicidas. Contudo, ao longo do tempo, tende a reduzir o consumo desses produtos, especialmente quando combinado com a rotação de culturas.
No sistema convencional, pelo contrário, o consumo de herbicidas permanece constante, exceto em situações de replantio, quando pode aumentar.
Quais são as vantagens e desvantagens do SPD?
Sabendo o que é plantio direto e como ele funciona, é importante entender melhor as vantagens e desvantagens associadas ao método. Sendo assim, confira a seguir os principais pontos a serem considerados.
Vantagens
Os benefícios mais evidentes trazidos pelo plantio direto são:
- aumento da fertilidade e melhora na agregação e estrutura do solo;
- demanda menor infraestrutura de máquinas/equipamentos;
- minimiza a erosão;
- rotação de culturas para quebra de ciclos;
- uso de processos aleloquímicos (produção de químicos pelas plantas).
Desvantagens
Por outro lado, como desvantagens associadas ao sistema de plantio direto, podemos citar:
- maior custo inicial com herbicidas;
- necessidade de implantar práticas conservacionistas para evitar o escorrimento superficial de enxurradas;
- dificuldade na germinação de sementes em períodos úmidos;
- necessidade de adaptação a novos equipamentos, diferentes dos tradicionais.
Quais as diferenças entre plantio direto e convencional?
Quando falamos da adoção de práticas de manejo na propriedade, precisamos falar não apenas de produtividade, mas de sustentabilidade do negócio e do próprio sistema produtivo.
A discussão sobre o sistema de plantio direto trata da sustentabilidade ambiental, ao mesmo tempo em que aborda a viabilidade econômica da lavoura.
Dessa forma, podemos dizer que o plantio convencional e o direto têm diferenças significativas, especialmente no que tange ao revolvimento do solo. Assim, para clarear esses contrastes, trouxemos as principais características de cada sistema produtivo.
Plantio convencional
Aqui, os implementos — como arado e grade leve niveladora, além de outras máquinas da agricultura moderna — são empregados.
O plantio convencional é utilizado a fim de corrigir características do solo. Afinal, a remoção das camadas superficiais ajuda a reduzir a compactação, incorporar correções e fertilizantes, aumentar a porosidade (e a permeabilidade), cortar e enterrar as ervas daninhas.
Primordialmente, as principais etapas desse sistema são quatro:
- descompactação, com remoção de ervas daninhas e preparo para correção e fertilização, usando arados escarificadores ou grades pesadas que alcançam até 15 ou 20 cm de profundidade;
- destorroamento e nivelamento, com uso de grades leves em duas passadas;
- adubação e semeadura, que podem ou não ser conjuntas;
- manejo e tratamento contínuo da cultura.
Plantio direto
Já no plantio direto, os impactos ao solo são reduzidos, especialmente no que diz respeito às condições físicas, biológicas e na fertilidade.
Em resumo, as etapas para a implantação desse sistema incluem:
- eliminação das camadas compactadas;
- nivelamento da área com criação de sulcos ou valetas;
- manejo da adubação e correção das necessidades do solo (se necessário, realize calagem com calcário incorporado em profundidade);
- otimização do manejo com herbicidas (controle do crescimento de ervas daninhas);
- cultivo de plantas melhoradoras (adubos verdes) para a formação de cobertura morta ou palha;
- espalhamento de palha de restos de cultura, podendo-se usar um picador;
- plantio com semeadoras que abrem sulcos e depositam as sementes.
Como é feito o plantio direto?
O sistema de plantio direto redefine as práticas tradicionais, pois elimina as etapas convencionas de preparo do solo e gradagem.
Isso garante uma constante cobertura vegetal sobre o solo, já que protege a terra contra o impacto direto da chuva e evitando escorrimentos superficiais que aumentam o risco de erosões hídricas e eólicas.
Nesse tipo de plantio, a semeadura é feita em sulcos ou covas no solo não revolvido, dando a profundidade certa para o contato com as sementes.
Além disso, fatores regionais e características do solo afetam diretamente o sucesso do método. A adaptação às vocações naturais de cada região é a chave para otimizar sua eficácia. É possível utilizar o SPD com muito sucesso, inclusive, em áreas menores.
Conforme os agricultores se familiarizam com o sistema, surgem novas oportunidades para inovações. Como resultado, surgem soluções adaptadas aos desafios próprios de cada contexto.
Em virtude de todos esses aspectos, o sistema de plantio direto não apenas revoluciona as práticas agrícolas, mas contribui para uma abordagem muito mais sustentável e integrada ao meio ambiente.
Se este conteúdo foi útil para você, então, recomendamos a leitura do artigo sobre 7 práticas para potencializar o sistema de plantio da fazenda.