O que é ferrugem asiática da soja? Entenda como tratar e prevenir
A ferrugem asiática da soja é uma das principais ameaças à produção dessa leguminosa no Brasil, que pode ocasionar reduções na produtividade de até 90%. Quando estratégias de controle conjunto e monitoramento não são utilizadas, os prejuízos são irreversíveis.
Para impedir essas questões, ter conhecimento do padrão de comportamento da enfermidade e das estratégias para combatê-la é fundamental.
Continue a leitura para saber mais sobre como identificar o patógeno, os principais fatores que contribuem para a disseminação e medidas de controle eficiente.
O que é a ferrugem asiática da soja?
A ferrugem asiática da soja é uma doença que aflige consideravelmente os produtores dessa cultura no Brasil. Isso se deve ao alto poder de destruição que ela apresenta, pois pode levar à perda total da plantação em um ano.
O que causa a ferrugem asiática da soja?
Ela é provocada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, que pode ser detectado em qualquer estágio de crescimento da planta e se manifesta primeiramente no baixeiro nas plantas. Esse agente só é capaz de sobreviver e se propagar quando existe uma hospedeira viva.
Existem aproximadamente 150 espécies de leguminosas que hospedam esse fungo, como o feijão comum e o amendoim. É fundamental vigiar e supervisionar hospedeiros existentes para impedir a proliferação da doença nos terrenos.
Inclusive, a ferrugem asiática também infecta diversas daninhas como:
- rama-negra (Conyza bonariensis);
- corda-de-viola (Ipomoea spp.);
- trapoeraba (Commelina spp.);
- amendoim-bravo (Euphorbia heterophylla);
- serralha (Sonchus spp.);
- buva (Conyza spp.);
- caruru (Amaranthus spp.);
- capim-arroz (Echinochloa spp.);
- capim-carrapicho (Cenchrus echinatus).
Assim, é crucial que você faça o controle eficiente dessas plantas espontâneas para impedir a reincidência do patógeno no campo.
Qual é o fungo causador da ferrugem asiática da soja?
Como já abordado, o Phakopsora pachyrhizi, um fungo originário da Ásia, foi responsável por sua primeira aparição aqui no Brasil, mais precisamente no estado do Paraná, na safra 2001/2002.
Inclusive, nessa época, a Embrapa notou que mais de 50% das áreas de soja do país havia sido atingida pela ferrugem. Perdas significativas no rendimento da colheita foram calculadas, variando de 30% a 75%,. Estimou-se que no Brasil houve prejuízo aproximado de US$ 125,5 milhões, o que influenciou diretamente a cotação nesse período.
Além disso, quando as condições climáticas são propícias, esse fungo fitopatogênico se torna quase impossível de combater. Isso se dá pelo fato de que ele é capaz de produzir uma grande quantidade de esporos abaixo da epiderme da face inferior das folhas, em formações chamadas urédias ou pústulas.
Quais são os sintomas da ferrugem asiática na soja?
O início da infecção pode ser visto nas folhas localizadas no terço inferior da planta. Normalmente, essa área assume uma coloração um pouco mais escurecida, lembrando até mesmo a ferrugem — por isso, o nome.
Com o avanço da doença, o local da lesão torna-se de cor avermelhada, podendo ser vista em ambas as faces das folhas. Logo após, acontece um amarelamento muito rápido da região afetada, e as folhas caem de modo prematuro.
Se isso ocorrer logo nos primeiros estágios de desenvolvimento, ou seja, na fase de germinação, a perda da produção pode ser total.
Como prevenir a ferrugem asiática na soja?
Como essa doença é bastante agressiva na leguminosa, a alternativa mais eficiente é a prevenção. Para isso, separamos os principais pontos.
Realize o vazio sanitário
O vazio sanitário constitui um intervalo de, no mínimo, 90 dias e é variável de estado para estado. Nesse período, nenhuma planta de soja é cultivada. Essa ação contribui para minimizar ou mesmo eliminar a sobrevivência de fungos que necessitam de plantas hospedeiras vivas para a sua manutenção.
A finalidade do vazio sanitário é limitar a quantidade de esporos fúngicos, retardando a doença durante a colheita. Dessa forma, diminui-se também a necessidade de usar fungicidas e previne-se a proliferação de microrganismos resistentes.
Faça o monitoramento constante
Avalie cuidadosamente a sua plantação para identificar o melhor momento de iniciar o controle. Essa é uma etapa fundamental para garantir a redução de danos e administrar a resistência.
Examine as folhas da parte inferior, ficando atento à presença de pontos escuros. Também utilize uma lupa para inspecionar as folhas superiores, procurando por saliências em forma de “vulcões” — pústulas formadas pelo fungo.
Semeie na época recomendada
Semear a soja no início da época adequada é uma maneira de prevenir os prejuízos resultantes dessa doença. Isso possibilitará um adiamento em relação à sua presença no local de cultivo. Nesse caso, a calendarização da semeadura é o estabelecimento de um limite temporal para realizar a sementeira na safra.
Caso você opte por adiar a semeadura, o cultivo poderá ser atacado desde os primeiros estágios de crescimento das plantas. Isso implicaria em uma infecção precoce e necessitaria de um aumento nos tratamentos com fungicidas. Essa tática tem como intuito diminuir a quantidade de tratamentos com esses defensivos e minimizar o surgimento de resistência do patógeno.
Invista na integração do manejo
Quando o assunto é manejo da soja, medidas químicas são necessárias. Contudo, elas devem ser complementadas por outras táticas.
Dessa forma, você previne que os fungicidas percam eficiência e que os patógenos se tornem resistentes. Além disso, nos próximos anos, há a possibilidade de termos novas formas de controle. Um exemplo é a vacina contra ferrugem asiática da soja, que foi aprovada pela multinacional norte-americana Plant Health Care.
A vacina conta com as últimas gerações de proteínas Harpin, proporcionando uma defesa reforçada para as plantas. Recentemente, a aprovação do produto foi garantida pelo governo brasileiro, que o colocará à disposição para tratamento de sementes durante a próxima temporada agrícola. Testes realizados nas últimas safras comprovaram um aumento no rendimento de três a cinco sacas por hectare.
Além disso, entender melhor como mensurar essa lucratividade é imprescindível. Se quer tirar as dúvidas, confira o nosso guia: saiba como calcular o lucro por hectare da soja!
Como combater a ferrugem asiática na soja?
Uma das características do patógeno responsável pela ferrugem asiática é a sua alta mutabilidade genética. Isso quer dizer que é bastante difícil obter uma variedade de soja que seja efetivamente resistente à doença, sendo que a melhor maneira é a prevenção, como já explicado.
No entanto, se a sua lavoura já está acometida com esse problema, acompanhe agora as principais formas de controle.
Faça o controle químico corretamente
Como se sabe, a ferrugem chegou em 2001, tornando os fungicidas indispensáveis para os produtores de soja. Dentre os grupos existentes, triazóis e as misturas de triazóis e estrobilurinas foram os mais usados para o controle da ferrugem asiática, mostrando resultados bastante eficazes.
À medida que o tempo passou, o patógeno começou a mostrar resistência aos triazóis, ficando evidente, em 2005, o declínio na eficácia de seu uso. Para suprir a perda, então, apareceram os grupos das estrobilurinas e as carboxamidas, mas, mais uma vez, biotipos resistentes aos fungicidas se desenvolveram, diminuindo a eficácia deles.
Devido à necessidade de maior eficácia no controle de fungos, alguns novos fungicidas estão disponíveis no mercado. Os chamados fungicidas multissítios possuem mecanismos de ação distintos e são usados em conjunto com os já existentes.
O Unizeb Gold foi o primeiro a chegar às prateleiras brasileiras, e tem se mostrado mais eficiente do que os antigos, ampliando o seu tempo de ação até que novos grupos químicos, mais eficazes, surjam.
Portanto, para maior eficiência desse método contra a ferrugem asiática, é necessário seguir algumas diretrizes importantes:
- utilize fungicidas com ações diferentes;
- obedeça a dosagem e a periodicidade indicadas pelo fabricante;
- não use o mesmo produto por mais de duas vezes consecutivas;
- não empregue carboxamidas quando a doença já estiver presente na lavoura;
- aplique carboxamidas, no máximo, duas vezes por ciclo.
Lembre-se de que os fungicidas devem ser empregados de forma preventiva e buscando controlar a doença. Acima de tudo, consulte um profissional especializado, como o engenheiro agrônomo, para melhor precisão. Ele especificará o seu receituário e evitará problemas com resistência devido à má administração.
Além disso, é importante que os produtos de sítio específico sejam sempre utilizados em conjunto com fungicidas multissítios.
Opte pelas variedades resistentes
No momento, existem cultivares tolerantes à ferrugem presentes no mercado, além de estudos em andamento para desenvolver variedades resistentes. Por exemplo, a BRS 511 da Embrapa tem a proposta de aumentar a resistência da soja aos efeitos deste mal.
A ferrugem asiática da soja é o pesadelo de muitos produtores. Portanto, tenha sempre em mente quais são os cuidados de prevenção para assegurar a produtividade. Adote o vazio sanitário e faça monitoramento constante, especialmente se há plantas hospedeiras na área, além de contar com um engenheiro agrônomo para a prescrição do receituário correto.
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