lavoura de cana

Lavoura de cana: como otimizar os resultados da sua safra?

A lavoura de cana-de-açúcar é uma produção diferenciada, seja porque faz parte da história do Brasil, seja pelas próprias características de seu ciclo e cultivo. Em muitos casos, o produtor é tradicional e fornece para as usinas, que ficam com toda a safra de cana produzida. É assim no seu caso?

Há, no entanto, meios de otimizar a produção, especialmente fazendo uso de novas técnicas, de cultivares mais adaptados e de todo o suporte que a tecnologia oferece. O conhecimento da cultura vem sendo aprimorado, e você, enquanto produtor, deve estar sempre conectado com informações atualizadas.

Para ajudar você a entender mais sobre a lavoura de cana e como otimizar os resultados da safra, preparamos este artigo. Continue a leitura e descubra mais sobre o assunto!

Para quem vender cana-de-açúcar?

Você pode vender a cana diretamente para as usinas, variando apenas o contrato de fornecimento entre usina e produtor — o que costuma ocorrer na maior parte das vezes. Então, passa a haver a negociação entre o valor de Açúcar Total Recuperável (ATR) e sua quantidade na tonelada de cana-de-açúcar. 

Outra opção é vender para a indústria de alimentos, como a de chocolate, ou para empacotadores ou atacadistas, embora menos requisitados. 

Quais as principais características da cultura da cana?

A cultura da cana-de-açúcar, de cultivo secular no Brasil, apresenta algumas características que devem ser conhecidas por você enquanto produtor, uma vez que facilitam o entendimento do manejo adotado para essa lavoura. Veja a seguir os principais aspectos.

Planejamento do canavial

A lavoura de cana requer uma estrutura da área de produção dividida em talhões, que constituem a unidade operacional da lavoura. Esses talhões são acessados por meio de carreadores por onde se deslocam veículos, máquinas e equipamentos.

É importante que essa divisão seja feita sobre um mapeamento dos solos da propriedade. Dessa forma, os manejos poderão ser mais aprimorados, sobretudo com relação à fertilização do solo. A implantação da agricultura de precisão fica muito facilitada com essa medida de planejamento.

Características climáticas e fases de desenvolvimento

A cana é uma cultura tropical, portanto, adapta-se bem em áreas quentes e úmidas. No entanto, se dá melhor quando as chuvas são bem distribuídas.

Quando as chuvas são muito concentradas em uma determinada época, invariavelmente, a cultura precisará de um suporte com a irrigação nos meses mais secos para garantir uma boa rebrota e bons resultados na colheita.

Na verdade, a cana apresenta duas fases em seu desenvolvimento:

  • a primeira é a de crescimento vegetativo, quando precisa de mais calor e água para crescer;
  • a seguinte é a de maturação, quando há menor disponibilidade de água e as temperaturas são mais amenas, propiciando maiores concentrações de sacarose.

Tipo de solo

A análise do solo deve ser feita tomando por base os talhões onde a área foi dividida para um melhor conhecimento das condições. É preciso considerar que a cana-de-açúcar possui um sistema radicular que alcança grandes profundidades, onde é bastante ativo.

Os solos mais férteis oferecem os melhores resultados, mesmo aqueles cuja textura superficial é mais arenosa. De todo modo, é preciso sempre analisar e, conforme os resultados, providenciar a correção por meio de calagem e de adubação.

Cultivares

A cana é uma cultura agrícola com bastante história e pesquisa, o que resultou no desenvolvimento de muitas variedades. Existem cultivares adaptadas às mais diversas condições e com características agroindustriais próprias.

O site da Embrapa traz uma lista completa de opções de acordo com diferentes contextos de plantio. Cabe a você, produtor, realizar a melhor escolha dentro do seu contexto.

Dessa forma, considere essas variáveis ao selecionar aquelas com as quais poderá obter os melhores resultados em sua propriedade. Os principais aspectos de importância podem ser assim relacionados:

  • exigências climáticas (temperatura, umidade, horas de luz);
  • demandas nutricionais (fertilidade do solo);
  • resistência a pragas (insetos, nematoides e doenças);
  • produtividade (t/ha);
  • rendimento industrial (% sacarose).

Qual é a melhor forma de comercializar para garantir melhores preços?

Existem algumas formas de comercializar (fechar contratos entre produtor e usinas). Saiba mais sobre algumas das principais:

  • natureza jurídica – envolve um contrato de compra e venda, cujo compromisso de entrega deverá ser cumprido continuamente, conforme acordo entre os envolvidos;
  • objeto – consiste na formulação de contratação para garantir produção e fornecimento de um determinado volume de cana, que deve ser previamente definido pelos envolvidos;
  • preço – existem formas tradicionais nesse mercado de fixar preços, como o teor de ATR da cana, explanado mais adiante;
  • posse – o imóvel não costuma fazer parte da negociação, permanecendo com o produtor rural/fornecedor, com exceção de quando ele serve de depósito de resíduos industriais e foligens.

Como garantir um bom resultado na produção?

Além de observar os aspectos básicos e estruturais da cultura ainda na fase do planejamento, conforme mostramos, algumas medidas operam na direção da melhoria da produção. Veja a seguir dicas importantes para garantir bons resultados.

Faça uma boa escolha do maquinário

Desde o preparo do solo até o controle de pragas na lavoura, é importante o cuidado na escolha do maquinário que será empregado. Algumas atividades podem requerer máquinas e implementos diferenciados para a cultura da cana.

No caso de sistemas de plantio mecanizados, todas as operações de corte, carregamento e transporte podem ser realizadas por máquinas, com destaque para cortadoras de cana e carretas de transbordo.

No entanto, a utilização de maquinário deve ser precedida de planejamento, pois pode envolver adequações para a atividade e busca por maiores ganhos de eficiência. Além disso, no caso de má execução, as perdas tendem a ser maiores.  

Dedique uma atenção especial ao pré-plantio

O pré-plantio envolve alguns cuidados que pedem uma atenção especial, pois são essenciais para o bom resultado da lavoura de cana.

Dessa forma, por exemplo, dependendo das plantas invasoras existentes na área, pode ser necessário um controle herbicida em pré-plantio. Exemplos de plantas daninhas comuns às plantações de cana e que merecem atenção são:

  • grama-seda;
  • cordas-de-viola;
  • mucuna-aterrima;
  • capim-colonião.

Por sua vez, se o produtor tiver adotado o sistema de mudas pré-brotadas (MPB), desenvolvido pelo Centro de Cana do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), haverá a necessidade de produção das mudas anteriormente.

Elas são produzidas em viveiros e estufas, com variação de espaçamento de 50 a 75 cm entre mudas. Assim, não será realizado o plantio de toletes no sulco, mas de mudas recém-brotadas, com cerca de 20 a 40 cm de altura.

Monitore os resultados obtidos

A condução de uma cultura agrícola é um empreendimento conjunto de fases. Dessa forma, das medidas de pré-plantio à colheita, os passos e as ações devem ser planejados, e os seus resultados, avaliados.

O acompanhamento do desempenho de cada fase da cultura e de cada operação executada é indispensável para que se tenha uma visão real dos resultados. Assim, o produtor pode sempre identificar os pontos falhos e aprimorar o seu processo produtivo. E esse monitoramento preciso não seria possível sem o uso de tecnologia no campo.

Aqui, plataformas integradas de gestão, que incluam telemetria e GPS agrícola, por exemplo, são grandes aliadas. Elas centralizam dados e processos, permitindo identificar e corrigir erros de forma mais rápida ao longo da produção, sem precisar esperar a próxima safra.

Invista em produtos de qualidade

Realizar uma colheita com padrão elevado e produtividade sempre boa exige que se faça uso de produtos de qualidade. Com esse espírito, deve-se considerar desde os toletes ou mudas que serão plantados, passando pelos insumos utilizados, até os equipamentos e máquinas empregados na produção.

Considere que a competitividade está, sobretudo, na qualidade do produto colhido, assim como no rendimento obtido na lavoura.

Como é a comercialização da cana?

Normalmente, produtores rurais utilizam contratos baseados na qualidade da cana e na quantidade de toneladas de matérias-primas fornecidas por hectares. O contrato ajuda os envolvidos na relação de compra e venda a terem mais segurança de que cada um cumprirá com suas obrigações. 

Além disso, esse tipo de comercialização pode ser aprimorado ao acrescentar bonificações, conforme a quantidade do Açúcar Total Recuperável (ATR). E, ainda, a bonificação pode envolver as canas que tenham uma menor quantidade de impurezas.

O acréscimo para tornar a comercialização da cana mais atrativa é o subsídio. Nesse caso, os compradores, como indústrias, podem isentar o valor da colheita, nomeado CTT (Corte, Transbordo e Transporte).

Inclusive, em 2022, o Governo Federal anunciou um plano nacional de fertilizantes para diminuir a dependência de importados e reduzir custos na lavoura de cana. Como resultado dessa e outras medidas, a safra de cana de 2022/23 teve uma produção 3,4% maior do que a de 2021/2022, segundo o último levantamento de 2022 da Conab — mesmo com as incertezas ocasionadas pela Guerra na Ucrânia.

Outra forma de comercialização da cana é no mercado à vista, em que a negociação ocorre imediatamente. No entanto, para essa ser uma alternativa vantajosa, é preciso ter mais de um comprador próximo da produção e condições meteorológicas desfavoráveis. 

Como analisar a qualidade do produto colhido?

Existem várias análises para determinar a qualidade da lavoura de cana. Uma delas se baseia na quantidade do mencionado Açúcar Total Recuperável, que pode ser definida pela qualidade da matéria-prima. Assim, alguns laboratórios realizam esse processo para descobrir se a cana está apta à colheita.

Além da análise ATR, existe a POL, que mede o teor de sacarose aparente da cana. Essa porcentagem é extraída durante a moagem da matéria-prima. Outra técnica é a que avalia a porcentagem de fibra da cana. Assim, quanto mais alta ela resultar, menor é a eficiência da extração. 

Isso porque a cana com baixo teor de fibra é mais suscetível a danos no transporte e corte. Logo, isso desfavorece os compradores e pode influenciar no preço.

Como a tecnologia pode ajudar?

A tecnologia no campo tem avançado muito e, hoje, é a grande parceira do agronegócio em diversas culturas. O emprego das plataformas de gestão agrícola faz muita diferença no gerenciamento de todas as atividades envolvidas, não apenas com a cultura, mas praticamente com toda a propriedade.

Considere, por sua vez, a possibilidade de georreferenciar cada talhão do canavial e ter parâmetros para, por exemplo, corrigir deficiências nutricionais em uma área da lavoura. Ao mesmo tempo, uma vistoria conduzida com o uso de um drone e imagens de satélites permite identificar reboleiras atacadas por pragas e agir naquele raio de ocorrência.

Todas essas possibilidades se traduzem em economia de tempo e de insumos, aumentando a eficiência da lavoura. Da mesma forma, o maquinário cada vez mais especializado traz vantagens ambientais e de rendimento operacional.

Como você pode ver, a lavoura de cana pode ser otimizada ao conhecer com mais detalhes a própria cultura e adotar certas iniciativas que ajudam a aprimorar a produção. Inclusive, as expectativas para a safra 2023/24 são promissoras para os produtores rurais. 

Então, gostou do post sobre lavoura de cana? Deixe um comentário sobre o assunto.

Quer receber nossas novidades e conteúdos?

Cadastre-se e receba por e-mail em primeira mão.

E-mail cadastrado com sucesso
Ops! E-mail inválido, verifique se o e-mail está correto.
Ops! Captcha inválido, verifique se o captcha está correto.

2 Comentários

Diga o que está em sua mente

Seu endereço de e-mail não será publicado.