Policultura: quais as vantagens e como implementar?
A policultura é uma das formas de praticar a agroecologia. Isso porque ela não agride, evita a degradação ambiental e garante que os próprios agentes naturais favoreçam os ciclos. Essa técnica contribui diretamente para a saúde das pessoas — tanto daquelas que plantam quanto das que consomem.
Trata-se de uma agricultura que remonta ao início das atividades agrícolas da humanidade e, com o tempo, acabou dando espaço para as grandes produções da monocultura. Atualmente, frente aos desafios ambientais, ela voltou a se destacar como um método que causa menor impacto ambiental e oferece uma produção mais sustentável.
A seguir, entenda melhor o que é policultura e suas características. Saiba também quais são os benefícios que ela proporciona e os principais cuidados para obter êxito em sua implementação.
Boa leitura!
O que é policultura?
Como o próprio nome indica, a policultura é uma prática agrícola que cultiva várias espécies na mesma área ou campo, simultaneamente ou em sequência, com a rotação de culturas. É o oposto da monocultura, que trabalha com uma cultura única em grande escala.
Por exigir menores áreas e menor emprego de tecnologia, ela é praticada por pequenos produtores na agricultura de subsistência ou familiar.
A policultura é normalmente aplicada em sistemas agroflorestais, bem como em locais que utilizam técnicas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), com as culturas cultivadas em conjunto com árvores ou arbustos.
Esse sistema pode ser bastante benéfico para as áreas com solos degradados ou com baixa disponibilidade de água. Isso porque as árvores ou arbustos podem auxiliar na estabilização do solo e fornecer, além de sombra, proteção contra o vento.
Quais as características da policultura?
Embora o método utilizado na policultura diminua a necessidade de insumos, exige uma análise melhor do solo, bem como um bom planejamento e mão de obra para dar certo. Há diferentes técnicas de execução, incluindo:
- agrossilvicultura — combinação das culturas e árvores em uma mesma área;
- consorciação de cultura — plantação de diversos tipos de culturas em uma mesma linha ou campo;
- rotação de culturas — envolve ciclos planejados de produção com plantas de diferentes espécies e que necessitam de nutrientes diferentes do solo, visando recuperá-lo.
Além dessas técnicas, conforme comentamos, há também o sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). Ele utiliza plantas de ciclo curto, médio e longo, mesclando rasteiras e arbóreas, imitando os processos naturais. Dessa forma, mantém o solo fértil e possibilita uma fonte de renda o ano todo. Contudo, para ter sucesso, esse sistema de plantio exige maior planejamento, análise e desenvolvimento.
Os principais produtos cultivados nesse tipo de sistema são o milho, feijão, hortaliças, mandioca, algodão, batata, café, frutas e fumo.
Quais são os benefícios que essa técnica oferece?
A principal vantagem que esse sistema de cultivo oferece é a obtenção de plantas fortalecidas. Isso é possível devido ao ambiente de competição entre as culturas, que estimula o desenvolvimento de raízes grossas para suprir suas necessidades de água e nutrientes. O resultado é uma planta mais forte e vigorosa.
Em geral, a prática da policultura é adaptável a diversos tipos de sistemas agrícolas, sendo possível verificar suas vantagens em diferentes contextos ao redor do mundo.
A seguir, conheça os principais benefícios que ela oferece.
Aumento da biodiversidade
O cultivo de diversas culturas em uma mesma área aumenta a biodiversidade de plantas, microrganismos e animais no ecossistema. Isso contribui para manter a saúde do solo, evitando o esgotamento dos nutrientes. Também reduz a necessidade de investimentos para a recuperá-lo por meio de fertilização química, além de diminuir o risco de surtos de doenças e pragas.
Melhora da saúde do solo
Além de proporcionar um equilíbrio no desgaste de nutrientes do solo, a policultura consegue aumentar o teor de matéria orgânica nele. Outra vantagem é a estruturação do solo, considerando que culturas diferentes apresentam sistemas radiculares diversos. Isso contribui para quebrar o solo compactado e melhorar a infiltração de água, evitando os processos de erosão.
Maior resiliência
Esse sistema pode ajudar a proteger o solo contra fenômenos ambientais extremos, como geadas e secas. Isso porque ao fornecer diversas culturas com diferentes requisitos e tolerâncias, o risco de quebra de safra é bem reduzido. Com isso, o método ajuda a garantir um suprimento de alimentos com maior estabilidade.
Combate natural às bactérias
O combate às bactérias presentes na plantação é mais natural e eficiente na policultura. Assim como ocorre com o organismo humano, o sistema orgânico das plantas conta com microrganismos que combatem os riscos com eficiência e agilidade.
Controle biológico
Nos ecossistemas diversificados, existem muitos predadores naturais que podem auxiliar no controle de pragas. As diferentes culturas também agem como uma barreira natural para algumas espécies que não se alimentam delas.
Já nas monoculturas, a velocidade de propagação de ataques de pragas é bem mais rápida. Com isso, a policultura pode diminuir consideravelmente a necessidade de defensivos, controlando as pragas de maneira natural, sem agredir o solo.
Maior lucratividade
Especialmente para as pequenas propriedades, a policultura pode ser mais lucrativa em relação à monocultura, reduzindo os riscos da dependência do sucesso de determinada produção. Além disso, permite que agricultores aproveitem as oportunidades de mercado para os diferentes cultivos.
A policultura também pode diminuir os gastos com insumos, aumentando a produtividade geral.
Implementação em pequenos espaços
A policultura necessita de menores áreas para cultivo em comparação à monocultura. Além disso, depende de menos tecnologia.
Produção sustentável
A policultura é uma forma sustentável de produção agrícola. Ela ajuda a preservar os rios, a fauna e a flora da região, pois não requer desmatamento para ser implementada.
Também proporciona um maior aproveitamento do solo e se torna um ótimo ambiente para os insetos polinizadores manterem o ciclo de vida vegetal.
Quais são as oportunidades de mercado?
Conforme comentamos, a policultura permite a produção de alimentos orgânicos, cuja demanda é crescente na sociedade, constituindo um mercado consumidor de grande potencial. Além disso, faz a economia girar, possibilitando que os recursos cheguem também aos produtores familiares.
Dessa forma, é uma oportunidade para quem deseja plantar com base nesse método, atendendo às necessidades de produção sustentável e gerando alimentos orgânicos. Mas, para isso, é essencial investir em conhecimento, planejamento e incentivos para que essa prática se torne cada vez mais acessível e valorizada.
Como implementar a policultura?
A policultura não requer muitos investimentos ou grandes transformações na terra — basta realizar o plantio com base em bom planejamento. A seguir, separamos algumas dicas sobre os cuidados necessários.
Mantenha parte da cobertura do solo
A não remoção total da cobertura do solo melhora as condições hídricas, pois evita que se torne arenoso. Essa é uma maneira simples e eficiente de manter a fertilidade do solo e garantir um bom cultivo.
Diversifique nos ciclos
Criar espécies com ciclos curtos, médios e longos, com a mescla de plantas arbóreas e rasteiras ao mesmo tempo, é importante para manter o solo permanentemente fértil e produtivo. Para isso, plante feijão, milho, andu, algodão e abóbora, mantendo a diversificação constante de alimentos.
Adote a integração lavoura-pecuária-floresta
Esse sistema é um excelente aliado à rotação de cultura. Em vez de rotacionar apenas com outros vegetais, é possível intercalar com a produção animal — como sabemos, o esterco é um poderoso fertilizante. Além disso, nas áreas com atividade animal, não há perdas de nutrientes.
A policultura pode ser uma excelente opção e uma solução sustentável para diversificar a oferta do produtos. Se esse artigo fez sentido para você, coloque em prática as dicas e compartilhe nas redes sociais com outras pessoas que possam se interessar pelo tema.
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