Plantação de feijão:

Plantação de feijão: confira características, importância e principais dicas

Com ampla demanda e valor nutricional, a plantação de feijão desempenha um papel fundamental na segurança alimentar, na geração de renda e na sustentabilidade agrícola. Por isso, é interessante que todo agricultor conheça melhor o manejo da cultura do feijão no Brasil e como entrar nesse mercado.

De forma geral, o Brasil está entre os maiores produtores mundiais do grão — é o maior se levarmos em conta apenas o tipo feijão-comum. Por aqui, em média, são produzidas 3,04 milhões de toneladas por ano.

Neste artigo, vamos explorar as características do cultivo do feijão, sua importância econômica e como realizar um plantio bem-sucedido. Boa leitura!

Histórico do plantio de feijão

Antes de tudo, é importante que você tenha uma visão geral sobre a história do plantio do feijão. Há duas espécies de feijão com grande importância mundial (incluindo o Brasil): o feijão-comum e o feijão-caupi.

O primeiro inclui os grãos mais populares do centro-sul do nosso país, como o feijão-carioca, o preto, o jalo, o rajado, o bolinha, entre outros. Já o feijão-caupi é mais cultivado e consumido nas regiões Norte e Nordeste. Ele também é chamado de feijão-macassar, feijão-catador, feijão-de-praia, feijão-gurutuba, feijão-fradinho etc.

O feijoeiro-comum tem dois centros de domesticação principais, além de um terceiro com menor expressão. É possível que ele tenha se originado na região onde hoje é o México e no sul dos Andes (especificamente no norte da Argentina e no sul do Peru). Ainda há um terceiro local de domesticação desse feijão, onde hoje ficam a Venezuela e a Colômbia.

De modo geral, o feijão já foi cultivado no Brasil por vários pequenos produtores, como cultura de subsistência. No entanto, essas plantações deram lugar a cultivos mais tecnificados e em maior escala, usando controle fitossanitário e colheita mecanizada.

Com a implementação da tecnologia e o progresso técnico no plantio, a produtividade alcança 3.000 kg por hectare. O cultivo com o suporte tecnológico foi mais observado no Sudeste e no Centro-Oeste do país.

Nas últimas quatro décadas e meia, toda a área de plantio de feijão no Brasil reduziu de 4,5 milhões de hectares para 2,9 milhões. Por outro lado, a produção geral aumentou de 2,2 milhões para 2,9 milhões de toneladas. Mesmo com o aumento da produção, essa quantidade não foi suficiente para atender ao consumo dos brasileiros.

Quanto aos estados mais produtores, eles aparecem nesta ordem:

  1. Paraná;
  2. Minas Gerais;
  3. Goiás;
  4. Mato Grosso;
  5. Bahia;
  6. São Paulo.

Quais as características da cultura do feijão?

Há vários órgãos que atuam diretamente na cultura do feijão no Brasil, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Arroz e Feijão), o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná). Entenda, a seguir, os impactos dessas entidades sobre o plantio.

Prioridades do melhoramento de cultivares

No Brasil, há uma demanda constante para que cultivares se tornem mais produtivas e com melhor qualidade dos grãos. As plantas devem ser mais eretas, com alta inserção de vagens e resistência aos fatores mais comuns que restringem a produção.

Tipo comercial do grão

Há uma classificação no feijoeiro-comum de acordo com o vigor da planta, coloração de flor e vagens imaturas, maturação, hábito de crescimento, tamanho, cor e brilho do grão, cor do hilo e do halo. Ainda, é possível classificar o feijão conforme os atributos culinários, como tempo de cozimento, capacidade de hidratação dos grãos e coloração do caldo.

Quanto ao grupo comercial de uma cultivar de feijoeiro, há características tecnológicas representadas por três propriedades:

  • comercial — tipo de grão formado por cor, brilho, forma e tamanho;
  • culinária — tempo de cozimento, cor do caldo, capacidade de hidratação, textura e sabor;
  • nutricional — qualidades nutricionais.

Vale ressaltar que 70% da produção brasileira de feijão é direcionada para o tipo comercial carioca, enquanto 20% vai para o preto. Já os 10% restantes são distribuídos pelos outros tipos.

Arquitetura da planta

Nas últimas duas décadas, houve mais ênfase na produção de cultivares ereto, tipo II ou semiereto tipo II e III. Isso aconteceu porque, com elas, é mais fácil fazer tratos culturais e reduzir perdas no caso de coincidir com períodos de chuva. Além disso, é possível ter uma excelente estratégia no controle do mofo-branco e uma colheita mecanizada.

Precocidade

A precocidade permite a melhor adequação da lavoura dentro de um sistema de rotação de culturas e consorciação, além de economia de água e da matriz enérgica. Também possibilita a colocação da cultura dentro de um período do ano mais favorável em termos climáticos e retorno do capital investido.

Reação a doenças

O feijoeiro-comum é suscetível ao ataque de vários patógenos, como bactérias, fungos e vírus, causando perdas grandes na produtividade. Nesse caso, é lançado um grande número de cultivares com algum nível de resistência ou tolerância às principais doenças, como ferrugem, antracnose, mancha angular, mosaico-comum, entre outras.

Tolerância à seca

Outra característica relevante é a promoção do melhoramento genético, assim como a busca por cultivares tolerantes à seca e à alta temperatura. Isso ocorre em razão da cobrança pelo uso da água na agricultura por meio da irrigação, além da ocorrência de veranicos que podem acontecer nas regiões produtoras de feijão.

Qual a importância econômica do plantio do feijão?

O plantio do feijão tem uma grande importância econômica em muitas regiões ao redor do mundo. Isso porque ele é considerado um alimento básico e amplamente consumido em diversas culturas e países, especialmente em regiões da América Latina, da África e da Ásia.

Essa demanda consistente e constante por feijão cria uma base econômica estável para os agricultores que o cultivam, impactando diferentes aspectos. Entenda.

Segurança alimentar

O feijão é uma fonte importante de proteína vegetal, carboidratos complexos, fibras e várias vitaminas e minerais essenciais. Ele desempenha um papel crucial na alimentação de milhões de pessoas em todo o mundo, principalmente em países em desenvolvimento.

O plantio do feijão contribui para a segurança alimentar, à medida que fornece um alimento nutritivo e acessível às populações locais.

Geração de empregos

O plantio do feijão, assim como a sua colheita e o seu processamento, gera empregos em várias etapas da cadeia produtiva.

Desde a preparação do solo, o plantio e o cultivo das plantas até a colheita, o transporte e a comercialização do feijão, muitas pessoas estão envolvidas nesse processo. Esse fator é especialmente importante em áreas rurais, onde a agricultura é uma das principais fontes de emprego.

Agricultura familiar

O cultivo do feijão é uma atividade econômica significativa para muitos agricultores, sobretudo em regiões onde as condições climáticas e do solo são favoráveis ao crescimento dessa cultura.

O grão pode ser cultivado em pequenas propriedades agrícolas e até mesmo em quintais, o que permite que agricultores familiares obtenham renda adicional com sua produção. Além disso, ele tem um ciclo de crescimento relativamente curto, o que significa que pode ser colhidas várias safras em um único ano. Portanto, também é mais rentável.

Comércio internacional

O feijão é um produto agrícola amplamente comercializado internacionalmente. Países que são grandes produtores de feijão podem exportar seu excedente, gerando mais receita e contribuindo para a economia global. De quebra, possibilitam o acesso a variedades diferentes de feijão e diversifica as opções alimentares em diversas partes do mundo.

Como melhorar a produção de feijão?

Existem algumas boas práticas que você pode seguir para potencializar a produção do feijão de forma geral. Confira!

Escolha da área

Com a mecanização da lavoura em mente, são escolhidas as áreas com topografia suave. Elas também devem ser bem ventiladas e com menos incidência de doenças. Quanto aos solos, devem ser bem estruturados, férteis e livres de patógenos.

Rotação de culturas

Também é relevante fazer a rotação de culturas, que diminui a incidência de pragas, plantas daninhas e doenças. Entre outras vantagens, estão a fixação simbiótica de nitrogênio, o ciclo curto, a flexibilidade na época de semeadura e o aumento do potencial produtivo.

É possível ter alta incidência de doenças e pragas, baixa quantidade de matéria seca na área, custo de produção elevado e instabilidade de preços. Por isso, a rotação de culturas deve ser bem planejada.

Preparo do solo

Esse preparo é um conjunto de operações mecânicas que antecede a semeadura do feijão e serve para alterar atributos físicos do solo. O objetivo é deixar o local em condições para o crescimento inicial das plantas. No Brasil, o sistema de preparo convencional é feito com equipamentos de disco, o que inclui arados de disco e grades pesadas.

Espaçamento e densidade de semeadura

Há uma distribuição espacial de plantas na área, o que é de suma importância por afetar fatores bióticos e abióticos, como incidência de radiação, fluxo de gases entre plantas, melhor aproveitamento da água, espaço, adubos, entre outros fatores. Isso também ajuda no controle de pragas, doenças e plantas daninhas, bem como na colheita e no acamamento.

Cuidados na semeadura e gasto de sementes

O sucesso da lavoura também depende das condições oferecidas às plantas para que elas expressem seu potencial produtivo. Nesse tópico, entram aspectos como época, tratamento das sementes e profundidade em que elas são colocadas no sulco de semeadura.

Quais as principais pragas da plantação de feijão?

Há vários tipos de pragas que afetam diretamente a cultura e a produção do feijão no Brasil. Veja quais são as principais delas.

Pragas de sementes, plântulas e raízes

  • Lagarta-elasmo ou Broca-do-caule: você pode identificar a mariposa fêmea pela coloração cinza-escura, e o macho pela cor pardo-amarelada. Ambos medem cerca de 20 mm de envergadura. Eles se deslocam com velocidade e colocam aproximadamente 130 ovos (de coloração verde-pálida) nas folhas, no solo ou nos talos;
  • Lesma: é um molusco de corpo achatado. Pode ser pardo, marrom ou cinza e chegar a medir de 5 cm a 7 cm de comprimento na fase adulta. É hermafrodita e coloca cerca de 80 ovos em resíduos de plantas ou rachaduras no solo. Esses ovos são elípticos, translúcidos e eclodem entre 20 e 24 dias a 27 °C. A lesma vive até 18 meses, tem hábitos noturnos e se esconde debaixo de pedras, restos culturais ou no solo durante o dia;
  • Lagarta-cortadeira: causa mais danos na emergência das plantas e no início do seu desenvolvimento. Tais danos são confundidos com os da lagarta-rosca, pois são semelhantes. Porém, esse tipo se prolifera em locais mais úmidos.

Pragas que atacam as folhas

  • Vaquinha: vive de 50 a 60 dias, é verde e tem três manchas amarelas no dorso. Mede apenas 6 mm de comprimento. A fêmea põe cerca de 420 ovos, que se desenvolvem num período de 6 a 8 dias. Os adultos geram desfolha no ciclo da cultura, prejudicando a fotossíntese da planta;
  • Larva-minadora: adultos medem até 1,5 mm, e o macho menor vive aproximadamente 6 dias. A fêmea coloca entre 500 e 700 ovos (cerca de 35 por dia), preferencialmente pela manhã. Os adultos se alimentam da exsudação das folhas pela punctura feita pelas fêmeas.
  • Cigarrinha-verde: os adultos são verdes, medem cerca de 3 mm e vivem, em média, 60 dias. Cada fêmea coloca em torno de 170 ovos, que eclodem entre 8 e 9 dias. Tanto ninfas como os adultos causam danos às plantas ao sugarem a seiva da folha;
  • Mosca-branca: tem asas brancas e membranosas cobertas por uma substância cerosa. A fêmea mede 0,9 mm, e o macho, 0,8 mm. A fêmea coloca entre 20 e 350 ovos durante seu tempo de vida, que eclodem em 8 dias. O dano é causado pela sucção da seiva, que transmite o vírus do mosaico dourado do feijoeiro, gerando grandes prejuízos.

Como vimos, o manejo da cultura do feijão no Brasil exige conhecimentos técnicos. Para qualquer agricultor que deseja fazer uma introdução bem-sucedida no mercado, alavancar sua produtividade ou seus lucros, é interessante estudar. Nesse sentido, vale a pena se matricular em um curso completo e especializado, como o oferecido pelo Broto.

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