Percevejo da soja: confira danos, manejo e controle
A soja é uma das culturas mais importantes do mundo, desempenhando um papel vital na produção de alimentos, rações e óleo. No entanto, ela está sujeita a uma série de pragas que podem afetar significativamente a produtividade e a qualidade do grão. Entre os insetos que mais afetam essa planta, o percevejo da soja destaca-se como um dos principais desafios enfrentados pelos agricultores.
O controle de pragas é indispensável para garantir o sucesso das safras. Neste artigo, abordaremos os diferentes tipos de percevejos que afetam a soja, os danos que causam, as estratégias de manejo e controle disponíveis, bem como a utilização da tecnologia para otimizar esses processos. Boa leitura!
Quais são os percevejos da soja?
Os percevejos que afetam a cultura da soja pertencem à ordem Hemiptera. Esses insetos, conhecidos como “hemípteros”, têm uma probóscide (espécie de canudo ou tubo longo que fica na frente da boca) alongada, que permite perfurar vegetais para se alimentarem da seiva das plantas. São considerados pragas agrícolas devido aos danos que causam.
Abaixo, detalharemos as espécies mais comuns de percevejos que atacam a soja.
Percevejo-marrom
O percevejo-marrom, cujo nome científico é Euschistus heros, é considerado uma das principais pragas da soja em diversas regiões produtoras. Esse inseto pode ser especialmente danoso, pois ataca a cultura em todas as fases do seu desenvolvimento, desde o estágio inicial da planta até a maturação.
Percevejo-verde-pequeno
O percevejo-verde-pequeno, cientificamente conhecido como Piezodorus guildinii, é uma praga potencialmente prejudicial que se destaca pelo seu comportamento alimentar, em que o inseto perfura os frutos da soja para se alimentar do conteúdo interno.
Durante esse processo de alimentação, ele introduz sua saliva no interior. O dano ocorre devido às enzimas presentes na saliva, que começam a quebrar as células e os tecidos do fruto.
Percevejo-barriga-verde
O percevejo-barriga-verde, também conhecido pelo nome científico Dichelops melacanthus, é outra espécie que representa uma ameaça considerável, pois essa praga tem uma predileção pela fase de formação das vagens da soja.
Durante esse período crítico, os percevejos-barriga-verde se alimentam da seiva da planta, causando danos que podem resultar na deformação das vagens e na redução do potencial de produção.
Percevejo-verde
O percevejo-verde, cujo nome científico é Nezara viridula, é uma espécie conhecida por ser polífaga, ou seja, que se alimenta de uma variedade de plantas hospedeiras.
Embora não seja exclusivamente uma praga da soja, o percevejo-verde pode atacar a safra quando há uma escassez de outras plantas hospedeiras disponíveis.
Isso significa que, em determinadas circunstâncias, quando as plantas de soja são a única fonte de alimento disponível, essa praga pode atacar a cultura e causar danos — especialmente se sua população não for controlada.
Quais são os danos causados?
Os prejuízos causados pelos percevejos da soja são diversos e podem afetar a cultura de maneiras significativas, impactando tanto a quantidade quanto a qualidade da colheita.
Confira, a seguir, os principais danos causados por esses insetos.
Redução da qualidade dos grãos
Quando os percevejos se alimentam das vagens e dos grãos em desenvolvimento, eles podem causar manchas e deformações nesses componentes. Tais grãos têm menor valor comercial e podem ser rejeitados pelos compradores, impactando diretamente o valor de mercado da colheita.
Perda de rendimento
Quando os percevejos da soja não são controlados adequadamente, os prejuízos podem causar uma perda significativa de rendimento na safra. Isso tem implicações financeiras diretas para os agricultores, já que a quantidade total de soja produzida é reduzida.
A perda de rendimento afeta não apenas a lucratividade do produtor, mas também a oferta do grão no mercado e a cotação da soja, o que pode ter consequências mais amplas nos preços de alimentos e rações.
Como realizar o manejo e controle do percevejo da soja?
Devido à variedade de danos causados pela ação dos percevejos, é essencial que os agricultores implementem ações eficazes de manejo e controle dessa praga para evitar prejuízos às suas safras.
Acompanhe, a seguir, as principais estratégias que podem ser adotadas para proteger o cultivo da soja.
Controle biológico
O uso de inimigos naturais, como predadores e parasitoides, pode ser uma estratégia eficaz de controle biológico. Algumas espécies de vespas, por exemplo, atacam os ovos dos percevejos e reduzem sua população.
Controle cultural
Práticas agrícolas que reduzem a disponibilidade de hospedeiros e criam um ambiente desfavorável para os percevejos podem ser adotadas. Isso inclui a rotação de culturas, o cultivo de plantas de cobertura e a eliminação de restos culturais após a colheita.
Controle químico
O uso de inseticidas é uma opção para o controle desses insetos, mas deve ser feito de forma cuidadosa e considerando os impactos ambientais. O monitoramento regular da população é fundamental para determinar o momento correto de aplicação.
Uso de plantas geneticamente modificadas (GM)
Algumas variedades de soja geneticamente modificada foram desenvolvidas para resistir a insetos, incluindo os percevejos. Essas plantas podem reduzir a necessidade de aplicação de inseticidas.
Manejo integrado de pragas (MIP)
O MIP envolve a combinação de várias estratégias de manejo e controle, visando reduzir a população de percevejos de forma sustentável. Isso inclui a integração de práticas como o monitoramento, controle biológico e uso de inseticidas quando necessário.
Como realizar o monitoramento da população de percevejo?
O monitoramento adequado da população de percevejos é fundamental para determinar quando e em que nível de infestação deve ser aplicado o controle. Para isso, as seguintes ações podem ser colocadas em prática:
- instalar armadilhas de coleta para capturar e contar percevejos adultos, recolhendo informações sobre a população presente na área;
- realizar amostragens regulares nas plantas para identificar a presença de percevejos, seus estágios de desenvolvimento e os danos causados;
- conhecer as condições climáticas para prever o aumento da população de percevejos e o momento mais adequado para aplicar o controle;
- definir os níveis de infestação em que é necessário tomar medidas de controle, com base nas informações coletadas.
Como usar a tecnologia para controle do percevejo da soja?
A tecnologia desempenha um papel importante no manejo e controle eficazes do percevejo da soja, oferecendo ferramentas e abordagens inovadoras para melhor compreensão, prevenção e mitigação dos danos causados por essa praga.
Conheça, na sequência, algumas formas de aplicar a tecnologia nesse controle.
Sensoriamento remoto
O uso de drones equipados com câmeras infravermelhas e sensores de imagem pode contribuir para o monitoramento preciso da saúde das plantas e para a detecção precoce das áreas com danos causados pelos percevejos.
Aplicativos de monitoramento
Existem aplicativos que podem ajudar você a registrar, facilmente, uma variedade de dados de campo, como informações sobre cultivos, condições meteorológicas, presença de pragas, uso de pesticidas, irrigação, colheita e saúde do solo, entre outros indicadores.
Sistemas de informação geográfica (SIG)
Os SIG são programas projetados para capturar, armazenar, manipular, analisar e visualizar dados geográficos e espaciais. Eles permitem a integração de informações geográficas e não geográficas para melhorar as tomadas de decisão e a compreensão de fenômenos que apresentem um componente espacial.
Assim, são ferramentas que podem ser usadas para mapear áreas com infestações de percevejos e auxiliar nas tomadas de decisão sobre o controle.
Modelagem preditiva
Modelos baseados em dados históricos e condições climáticas atuais podem prever o potencial de infestação de percevejos, permitindo a aplicação oportuna de medidas de controle.
O percevejo da soja é uma praga séria que pode causar danos significativos à cultura, afetando a produtividade e a qualidade dos grãos. No entanto, com um manejo adequado e a utilização de estratégias de controle eficazes, é possível mitigar esses danos e proteger as safras.
O monitoramento regular, a integração de diferentes métodos de controle e o uso da tecnologia são ferramentas essenciais para enfrentar esse desafio. Ao adotar práticas sustentáveis e estar atento às novas tecnologias, você pode proteger suas lavouras e garantir uma produção de alta qualidade.
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