O que é fertirrigação? Entenda os benefícios e como implantar
Você tem dúvidas sobre o que é fertirrigação? Se esse conceito já estivesse mais disseminado, a produtividade do agro brasileiro, que já é fantástica, poderia ser ainda maior. Afinal, essa técnica proporciona otimização e economia na aplicação de nutrientes diretamente nas plantas, com menor perda possível.
Neste artigo, você entenderá com detalhes a fertirrigação, vantagens de adotá-la e com quais culturas funciona, além de dicas de como substituir o modelo tradicional e acompanhar o desempenho. Ainda, receberá uma dica valiosa para o caso de se interessar pela implantação do sistema na sua produção. Vamos lá?
O que é fertirrigação?
A técnica de irrigação do solo já é bastante conhecida pela maioria dos agricultores. Existem diversas linhas de financiamento para a instalação do sistema, como o Proirriga. Embora com investimento considerável, elas oferecem ótima relação custo-benefício.
A fertirrigação é um sistema muito parecido, com o diferencial de usar um sistema de irrigação a fim de levar nutrientes às plantas junto com a água.
Para isso, é preciso usar adubos especiais, que precisam estar na forma de fertilizante líquido, ou fazer sua diluição em água. Vencida essa etapa, as plantas podem receber a mistura por meio da técnica de gotejamento ou de microaspersão.
Gotejamento
No gotejamento, é preciso alinhar os dispositivos que farão a adubação da planta propriamente dita. Os gotejadores devem ser posicionados junto ao sistema receptor de nutrientes das plantas, as áreas radiculares.
Esse método tem a vantagem de proporcionar maior aproveitamento do material fertilizante. Mas, cuidado: ele também exige boa manutenção, devido ao possível entupimento dos gotejadores. Por isso, use fertilizantes de qualidade e siga as indicações do fabricante quanto à diluição.
Microaspersão
Já na microaspersão, é necessário que o dispositivo microaspersor atenda a uma única planta, pois é assim que será garantida a eficiência do sistema. No entanto, nem sempre isso acontece.
Dessa forma, existe uma alta probabilidade de que a solução com os nutrientes fique mais concentrada próximo ao mecanismo de microaspersão e não chegue de modo eficiente às raízes da planta.
Quais são os benefícios da fertirrigação?
A adoção de um sistema de fertirrigação (ou a adaptação de um sistema de irrigação já existente) pode aumentar significativamente a produção de uma lavoura.
Inicialmente, pode-se ter a ideia de que o sistema é caro, mas existem estudos que mostram o bom custo-benefício em diferentes culturas, como cebola e outras hortaliças.
Ficou com curiosidade para saber como é possível? Acompanhe a seguir os principais benefícios proporcionados pela técnica!
Compactação menor do solo
No sistema tradicional de adubação do solo, muitas máquinas são utilizadas. E, mesmo que não haja uma variedade muito grande de equipamentos, ao menos um precisa ser utilizado. A questão é que ele deve passar algumas vezes em meio à lavoura que necessita adubar. No entanto, um problema surge dessa prática: a compactação do solo.
Devido ao elevado peso de uma máquina agrícola, o solo vai, pouco a pouco, ficando mais denso. A situação ideal é exatamente a oposta dessa, quando o solo fica poroso e devidamente oxigenado — o que é possível com a fertirrigação.
Nela, o processo de adubação é feito tendo a água como veículo, e não mais a máquina agrícola. Assim, tem-se a vantagem de preservar as características do solo que favorecem o plantio.
Controle de nutrientes
Essa é uma das características que tornam a fertirrigação um processo muito mais racional do ponto de vista gerencial. Por meio dessa técnica, é possível ter maior controle na administração de nutrientes ao solo — sendo o fósforo, o potássio e o nitrogênio os principais elementos utilizados.
Para tanto, as aplicações de nutrientes ocorrem de maneira mais frequente que nos métodos tradicionais. No entanto, elas são feitas em menor quantidade, o que permite uma reposição planejada, de modo a conseguir acompanhar dia a dia o ciclo de produção da lavoura. Assim, você alcança uma eficiência muito maior em relação ao capital despendido em adubação.
Baixas perdas por lixiviação
No processo de adubação por fertirrigação, a água canalizada é o instrumento responsável por levar os nutrientes até o sistema radicular das plantas. Sendo assim, não é necessário o uso de máquinas para realizar esse procedimento.
O resultado? Uma menor movimentação de pessoas e de maquinário sobre o solo, na região em que a lavoura se encontra. Esse baixo movimento traz preservação ao estado natural do solo e evita que aconteça o processo de lixiviação — o processo de retirada de nutrientes do solo por agentes naturais, sobretudo a água.
Portanto, além da conservação das condições propícias ao plantio, a técnica evita que o solo se torne infértil no médio e longo prazos.
Custos menores
Esse é um ponto que merece mais atenção e uma análise apurada para chegarmos a uma conclusão acertada. A razão disso é que, inicialmente, pode-se pensar que a técnica de fertirrigação seja mais cara do que outros processos de adubação tradicionais devido ao seu custo de instalação. De fato, ele costuma ser mais elevado.
No entanto, esse gasto tende a se diluir com o tempo por dois motivos. O primeiro deles: a menor necessidade de mão de obra e máquinas para efetuar a adubação. Consequência: menos custos com encargos trabalhistas e combustíveis. A segunda razão reside no fato de que a adubação se torna muito mais eficiente, proporcionando maior efetividade no processo. Então, isso representa um uso mais racional do capital investido na lavoura.
Em quais culturas a fertirrigação funciona?
A fertirrigação é uma tendência que pode ser adaptada para qualquer tipo de cultura. Contudo, é preciso planejar de forma detalhada, considerando os cálculos baseados na análise de solo local e conforme a exigência nutricional das cultivares. Afinal, se elas forem mal manejadas, isso causará impactos cumulativos no sistema radicular e no solo ao longo do tempo, aumentando a acidificação e a salinização da região.
Dessa forma, essa técnica é recomendada em regiões de clima árido e semiárido pela necessidade de irrigação, especialmente a localizada, a exemplo do sistema de gotejamento. Com isso, aplica-se fertilizantes minerais em menores quantidades, porém com maior frequência no decorrer do ciclo da planta.
A fertirrigação pode substituir a irrigação tradicional?
Como já falamos aqui no Broto, a fertirrigação tem mais eficiência em sistema de irrigação localizada, pois proporciona maior aproveitamento dos nutrientes pelo sistema radicular da planta.
Logo, podemos concluir que, em modelos como aspersão, o volume do solo molhado é maior, reduzindo a eficiência da técnica e gerando desperdício.
A boa notícia é que, aos poucos, o sistema de irrigação por gotejamento vem ganhando destaque, mesmo que o cenário atual aponte que a aspersão por pivô central tenha predominância. Assim, na atualidade, a fertirrigação entra como uma estratégia para otimizar a produtividade.
Porém, para a fertirrigação ganhar mais força, será preciso um processo de adaptação com o sistema tradicional de aspersores, o qual poderá levar um bom tempo.
Como planejar a implantação do sistema na propriedade rural?
O ponto mais importante na implantação de um sistema de fertirrigação é contar com apoio especializado. Trata-se de um método de custo considerável, em que todo cuidado é pouco.
Por isso, devem ser feitos estudos a respeito dos equipamentos a serem utilizados, de quais são as necessidades da cultura em questão e dos nutrientes necessários. Logo, ter um corpo técnico para auxiliar é imprescindível.
A implantação exige um planejamento detalhado e cuidadoso para garantir que a técnica seja eficiente e traga os benefícios esperados para sua lavoura. Aqui estão os principais passos para planejar a fertirrigação de forma eficaz:
1. Análise de solo e definição das necessidades nutricionais
Antes de qualquer coisa, é essencial realizar uma análise detalhada do solo da sua propriedade. Isso permitirá entender a composição e os níveis de nutrientes presentes, além de identificar possíveis deficiências.
Com esses dados em mãos, será possível determinar quais nutrientes (como nitrogênio, fósforo e potássio, entre outros) precisam ser aplicados, em qual quantidade e com qual frequência, para atender às necessidades da cultura.
2. Escolha do sistema de irrigação
Conforme explicamos anteriormente, a fertirrigação funciona melhor quando associada a sistemas de irrigação localizada, como o gotejamento ou a microaspersão.
Ao escolher o sistema de irrigação, leve em consideração o tipo de cultura, o clima da região e a topografia da área. O gotejamento, por exemplo, é ideal para culturas que exigem uma irrigação mais controlada e precisa, enquanto a microaspersão pode ser mais adequada para áreas com maior diversidade de plantas e que precisam de uma cobertura mais uniforme.
3. Dimensionamento do sistema
Após escolher o sistema de irrigação, é fundamental dimensioná-lo corretamente. Isso envolve o cálculo do número de emissores (gotejadores ou microaspersores), a quantidade de água necessária por planta e a pressão de trabalho do sistema.
Um dimensionamento adequado evita problemas como a subirrigação (que compromete o desenvolvimento das plantas) ou a sobreirrigação (que pode causar alagamentos e promover a lixiviação de nutrientes).
4. Escolha dos fertilizantes e equipamentos
A fertirrigação exige o uso de fertilizantes líquidos ou solúveis em água. Escolha os fertilizantes de acordo com as necessidades nutricionais identificadas na análise de solo, garantindo que a formulação seja adequada para a sua cultura.
Além disso, você precisará de equipamentos especializados, como injetores de fertilizantes, que devem ser compatíveis com o sistema de irrigação escolhido e garantir uma dosagem precisa dos nutrientes.
5. Capacitação e treinamento
O sucesso da fertirrigação também depende de um bom manuseio do sistema. Por isso, é fundamental investir na capacitação da equipe responsável pela operação do sistema.
O treinamento deve abranger tanto a instalação quanto a manutenção do sistema, além de garantir que os técnicos possam monitorar a dosagem de fertilizantes e ajustes nos parâmetros, como pH e condutividade elétrica (CE), ao longo do ciclo da planta.
6. Monitoramento e ajustes contínuos
A fertirrigação não é um processo estático. É fundamental acompanhar o desempenho do sistema de irrigação e a resposta das plantas. Você pode fazer o monitoramento contínuo por meio de análises periódicas da solução nutritiva no solo, verificação do pH e da salinidade, além de observar o desenvolvimento das plantas.
Caso identifique algum problema, como excesso de nutrientes ou falhas na distribuição da água, será necessário realizar ajustes no sistema.
7. Consideração dos custos e retorno sobre o investimento
Embora a implantação da fertirrigação exija um investimento inicial significativo, o retorno a longo prazo costuma ser bastante positivo, principalmente em termos de aumento de produtividade e redução de custos operacionais.
Considere o custo do sistema de irrigação, dos fertilizantes e da manutenção, e compare com o aumento esperado na produção e na qualidade das culturas. Um bom planejamento financeiro pode ajudar a tomar decisões mais precisas sobre o melhor momento de adotar a fertirrigação na sua propriedade.
Como monitorar o sistema para acompanhar o desempenho?
Para monitoramento eficiente, conte com auxílio de profissionais especializados, como um engenheiro agrônomo.
Ele vai manipular as dosagens de fertilizantes, aumentando ou diminuindo seus valores por metro cúbico de água irrigada, além de obedecer ao controle da CE (condutividade elétrica) estipulada para cada fase do desenvolvimento da cultura.
Com isso, as avaliações periódicas da solução nutritiva fornecida ao solo podem ser realizadas por meio de tubos Extratores de Solução do Solo (ESS), que são inseridos em três profundidades: 15, 30 e 45 cm. Logo após, aplica-se uma seringa com o objetivo de realizar o efeito de vácuo, realizando a sucção do ar para que a solução nutritiva do solo encha os tubos extratores.
O monitoramento se faz necessário para evitar problemáticas como excesso de adubo — fator que contribui para aumentar a salinização do meio. Quando isso ocorre, há dificuldade de absorção de água pela cultura, o que prejudica o seu desenvolvimento. Inclusive, esse fator é agravado em regiões tropicais, em que há grande transpiração das folhas.
Com isso, há excesso de sais, e a planta interpreta que está havendo deficiência hídrica e, assim, fecha seus estômatos. Isso diminui a sua atividade fotossintética em horários de maior luminosidade e, como consequência, há redução na produtividade.
Outro ponto fundamental é avaliar a variação do pH — em geral, ele deve permanecer na faixa entre 5,7 e 7,5 para que os nutrientes fiquem disponíveis de maneira equilibrada. Esse valor também evita situações como precipitação e formação de cristais no solo.
Conclusão
A técnica proporciona melhor aplicação de nutrientes no solo e, dessa forma, a cultura encontra as condições ideais de que precisa para proporcionar maior produtividade.
O cuidado fica por conta dos estudos prévios para a implantação, que se resolve com a contratação de profissionais com amplo conhecimento técnico.
Em suma, a fertirrigação é uma excelente técnica para elevar as produtividades no agronegócio brasileiro, pois contribui para uma agricultura mais eficaz e com melhor custo-benefício. Que tal considerá-la?
Para concluir, aproveite para conferir nossas dicas para montar um projeto de irrigação eficiente.
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