Conheça os principais nematoides no algodão
O cultivo de algodão forma uma das cadeias produtivas mais relevantes do cenário econômico do nosso país. Por meio dessa cultura, a indústria movimenta uma enorme força de trabalho e gera excelentes faturamentos todos os anos. Em nosso solo, mais de 1 milhão de hectares é destinado à plantação dos algodoeiros que dão origem a vários tipos de roupas.
A cultura é muito presente no Mato Grosso, Bahia e Goiás. Apesar das mudanças climáticas percebidas pelos cultivadores, todos esperam que os resultados sejam positivos e redobram os cuidados com as plantas. Entretanto, existem algumas ameaças microscópicas que se encontram na terra onde são iniciados os processos para a produção dos tecidos: os nematoides no algodão.
Neste conteúdo, vamos explicar o que são nematoides no algodão, quais são os principais tipos e como é a interação entre eles e o solo. Confira!
Principais nematoides no algodão
Existem diversos tipos de nematoides capazes de prejudicar o algodoeiro. Eles afetam as áreas cultivadas de modo que as plantas ficam mais suscetíveis a outras pragas. Ao todo, há quase 300 agentes patogênicos conhecidos que abalam a produtividade e causam desânimo aos cultivadores.
Veja, a seguir, as três espécies de nematoides que precisam ser combatidas.
Pratylenchus brachyurus
Pratylenchus brachyurus é o nome científico dado ao nematoide das lesões. Ele é o mais comum por ser encontrado em praticamente 100% das amostras. Esse agente ataca e faz com que as plantas em solo arenoso não consigam se desenvolver naturalmente. É difícil identificar os lugares afetados porque esses nematoides não formam reboleiras ou galhas.
O nematoide das lesões não aparenta estar em ação, mas diminui o seu sistema radicular e provoca tons amarelados na parte aérea das culturas de algodão. As populações de Pratylenchus brachyurus, quando estão em áreas propícias, podem chegar a níveis muito elevados, até 60 mil juvenis a cada 10 gramas de raízes.
A espécie de nematoide conta, ainda, com uma ampla gama de hospedeiros, incluindo as ervas daninhas, que se desenvolvem bem em terras de textura média. Em conjunto, eles provocam necrose, podridão e redução do número de radicelas no sistema radicular das culturas algodoeiras. As plantações afetadas podem desenvolver aspecto de murchamento e clorose.
Meloidogyne incognita
Meloidogyne incognita é conhecida pelos cultivadores como nematoide das galhas, sendo o principal agente que causa danos às plantações de algodão. Ataca de forma localizada, em áreas específicas ou em reboleiras, e consegue provocar sintomas nas raízes e na parte aérea das plantas que ficam com as folhas carijós.
Esse nematoide, que também danifica as culturas de soja, é facilmente percebido em função dos seus sintomas. Trata-se de um agente nocivo que pode afetar plantas não cultivadas ou cultivadas das mais variadas espécies e causam grandes danos mesmo em pequenas populações. Ele é mais comum nos solos médio-argilosos e arenosos que estejam presentes em regiões de clima quente no território brasileiro.
Os parasitas atrapalham o desenvolvimento das culturas, criam um aspecto mosqueado nas folhas e também o amarelecimento delas. Quando afetam o sistema radicular, impedem o crescimento e reduzem o número de raízes secundárias ao penetrar e infectar as plantações. Os sintomas facilitam a identificação e o combate no campo afetado.
Rotylenchulus reniformis
Rotylenchulus reniformis é o nematoide reniforme que se desenvolve em regiões subtropicais e tropicais. Ele é outro patógeno radicular com capacidade de impactar vários cultivos criados com interesse econômico, por exemplo, algodão, soja, tomate, maracujá e melão. Ao contrário das outras duas espécies, ele normalmente não apresenta sintomas ou características específicas nas plantas afetadas.
No entanto, esse parasita também é auxiliado por um número elevado de hospedeiros, além de ser capaz de resistir e se manter vivo diante de adversidades. Esse agente nocivo pode sobreviver ainda que não existam hospedeiros no seu entorno, desenvolvendo-se em diversos tipos de terra e diminuindo o volume de raízes das plantas.
Na lavoura de algodão, o nematoide reduz consideravelmente o tamanho das plantas e, conforme a suscetibilidade das culturas, causa o sintoma de carijó em suas folhas. A parte aérea das culturas fica amarelada e podem necrosar no decorrer do tempo, mas isso ocorre apenas em áreas que sofrem danos agressivos devido ao número elevado de populações de parasitas.
Interação entre nematoides e fungos de solo
Os fungos do solo interagem com os nematoides e se associam causando mais estragos nas plantações. Ocorre que as plantas afetadas pelos nematoides ficam com os tecidos das raízes vulneráveis à entrada dos fitopatogênicos no cultivo de algodão. Os parasitas criam, ainda, uma predisposição fisiológica, para ficarem suscetíveis às ações de diversos tipos de fungo.
As plantas geneticamente modificadas podem ficar desprovidas de defesas contra esses agentes nocivos. Os nematoides das lesões, reniformes e das galhas, conseguem se unir aos fungos do gênero verticillium e fusarium. Apesar de os cultivadores utilizarem a rotação de culturas para controlar esses patógenos, os parasitas fazem parte da natureza e têm capacidade de destruir uma parte significativa das plantações.
Análise nematológica
A análise nematológica é um procedimento laboratorial utilizado como estratégia de manejo dos nematoides. Os profissionais de laboratório oferecem esse serviço, recebem as amostras e fazem as avaliações, tendo em vista que nem sempre é fácil diagnosticar os patógenos por meio da observação visual das culturas. O resultado de uma análise revela dados quantitativos e identifica as espécies parasitas.
Com essas informações em mãos, os profissionais responsáveis conseguem criar um plano de ação para o combate e controle apropriado dos nematoides. Diante disso, torna-se mais fácil diminuir os prejuízos e danos sofridos pelos cultivadores. As avaliações são confiáveis e expressam a realidade do solo de determinada região desde que as coletas das amostragens sejam feitas corretamente.
Formas de controle
As análises nematológicas oferecem aos produtores de algodão o conhecimento necessário para controlar o desenvolvimento dos parasitas. Elas acontecem quando as culturas estão florescendo, ou seja, em pleno desenvolvimento, já que na fase reprodutiva a população de nematoides diminui devido à senescência das plantações. Para fazer a coleta, é necessário utilizar sacos plásticos identificados e caixa térmica.
No entanto, existem outras maneiras de controlar os nematoides. Uma delas é o revolvimento da terra, o que expõe os patógenos à luz solar e permite a sua destruição. Outra forma de evitar a queda de produtividade por conta da ação dos nematoides é a utilização de cultivares resistentes ao mesmo. Há também culturas alternativas que reduzem as populações de parasitas – como milhetos, crotalárias, sorgo, mamona e milho –, e podem ser empregadas em um sistema de rotação de culturas. O agricultor pode fazer, ainda, o controle biológico, químico ou unir essas diferentes formas de controle (cultivares resistentes, controle químico e rotação de culturas).
Agora você já conhece os principais nematoides no algodão! O controle biológico é feito com produtos muito eficientes que podem ser facilmente manuseados. Já os componentes químicos agem com rapidez nas sementes e no solo, mas têm restrições de toxicidade e podem ser perigosos e menos eficientes do que outras ações conjuntas.
Gostou das informações? Continue sua leitura e aprenda mais sobre a colheita de algodão, algumas boas práticas e os principais sistemas!
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