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Como aplicar a economia circular no agronegócio?

A preocupação com o futuro do planeta, a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável como um todo têm feito surgir uma série de conceitos essenciais para a manutenção de negócios. Economia circular no agronegócio é um exemplo prático desses conceitos, que contribuem — e muito — para a sustentabilidade do agro.

Portanto, você, independentemente do porte da sua lavoura ou da cultura que mantém por aí, precisa dar atenção a essa questão. Entenda mais sobre o assunto neste artigo!

Entenda o que é economia circular

Economia circular é um conceito que associa desenvolvimento econômico com o melhor uso dos recursos naturais. Para que isso seja feito, são adotados novos modelos de negócios que incluem a otimização de processos, dependendo de menos matéria-prima virgem. Assim, prioriza recursos mais duráveis e renováveis.

Desse modo, a economia circular se embasa na forma de desenhar, produzir e comercializar produtos, garantindo o uso e a recuperação mais inteligente de recursos naturais.

Esse processo causa um tipo de aperfeiçoamento do sistema econômico, visando a um novo relacionamento com os recursos naturais e sua utilização pelos diversos ramos da indústria.

Conheça os princípios da economia circular

A economia circular funciona a partir de alguns princípios básicos. Vamos discorrer com mais detalhes sobre eles nos próximos tópicos.

Minimização da extração de recursos

O primeiro pilar da economia circular é reduzir ao máximo a extração de recursos naturais. Sabemos que, quando falamos em agronegócio, existem diversos produtos utilizados na lavoura que dependem de recursos naturais para serem produzidos. Um exemplo clássico disso é a própria água, indispensável para qualquer tipo de plantio.

Contudo, a tecnologia já oferece soluções que utilizam o mínimo de recursos naturais. No caso da água, existem sistemas que a captam da chuva e fazem o armazenamento para posterior uso na lavoura.

Estudos mostram dicas de como usar cisternas para realizar a captação e o armazenamento. Isso evita o uso da água disponível em açudes e lagos ou extraída do subterrâneo.

Aumento da eficiência em processos e produtos

Outro pilar essencial é o aumento da eficiência no desenvolvimento dos produtos, bem como nos processos de uma empresa. Em outras palavras, significa fazer mais com o mesmo número de insumos e materiais utilizados atualmente. Para que isso aconteça, é fundamental analisar com detalhes cada custo que a lavoura apresenta.

Um exemplo disso é a busca por ativos naturais para o combate à praga agrícola de fitonematoides, presente no solo e que afeta, sobretudo, soja, algodão, café, feijão, milho e cana-de-açúcar. Ao invés de usar compostos sintéticos que podem prejudicar o solo e a saúde humana, cientistas buscam formas de combate ao problema com o uso de resíduos agroindustriais dos setores sucroalcooleiro, oleoquímico e de papel e celulose.

Saiba como a economia circular pode ser aplicada no agronegócio

Segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), cerca de 76% das empresas já adotam alguma iniciativa em torno desse conceito. Entre as práticas mais comuns estão a reutilização de água e a reciclagem. De acordo com o mesmo estudo, 60% delas acreditam que a economia circular gera empregos.

Especialmente no agronegócio, o nosso país tem tido boa adesão à economia circular. Afinal, como as propriedades estão próximas da natureza, os ideais de sustentabilidade e de preservação podem ser aplicados de forma ampla e integrada. A seguir, destacamos algumas práticas simples que você pode adotar.

Reciclagem

A economia circular presume a reutilização de produtos adquiridos até que não seja possível extrair mais nenhum uso deles. Quando isso acontecer, esses itens devem ser encaminhados para reciclagem, podendo ser utilizados até o seu esgotamento por outras empresas ou pessoas. Exemplos recentes são a reutilização de plástico do silo-bolsa e a criação de sistema de devolução de embalagens vazias de agroquímicos.

A ideia central da reciclagem no agronegócio é aproveitar todos os recursos ao máximo, buscando formas de produzir riquezas com menos insumos da natureza. Mas também insere a participação de equipamentos e de outros produtos que podem substituir os que são originários da natureza.

Desse modo, produtos que seriam descartados se tornam matérias-primas secundárias. Assim, você diminui o impacto ambiental e, além disso, reduz os próprios custos da lavoura.

Adubo orgânico

Sempre que possível, faça adubo orgânico. De acordo com especialistas, “todas as fontes de material orgânico que não contenham elementos tóxicos ou contaminantes podem ser utilizadas”, sendo uma fonte de nutrientes lenta e duradoura. É necessário apenas ter atenção à composição nutricional, que pode não ser balanceada.

Uma alternativa é investir no uso de restos de plantas como parte da ração de animais. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) dá alguns exemplos:

  • raspas de mandioca;
  • palhada e sabugos de milho, sorgo etc.;
  • palhada e cascas de feijão;
  • folhagem e manivas de mandioca;
  • restos de sisal;
  • folhagens secas de plantas nativas.

Produção de biocombustíveis a partir de resíduos agrícolas

A produção de biocombustíveis a partir de resíduos agrícolas é uma prática crescente na economia circular. Por exemplo: resíduos como bagaço de cana-de-açúcar, cascas de grãos e outros subprodutos da colheita podem ser transformados em biocombustíveis através de processos de fermentação e transesterificação.

Esses biocombustíveis podem substituir combustíveis fósseis, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa e oferecendo uma alternativa sustentável de geração de energia.

A produção de combustível a partir do bagaço de cana-de-açúcar é um exemplo bem-sucedido no Brasil, onde grandes usinas utilizam resíduos da produção de açúcar para gerar etanol, contribuindo para a matriz energética renovável do país.

Agricultura de precisão

Você deve imaginar que praticamente nenhuma ação que visa à sustentabilidade estará descolada da tecnologia. Afinal, a economia circular depende de ferramentas tecnológicas para implementar as ideias de reciclagem e a reutilização de produtos e insumos agrícolas da forma mais precisa e eficaz possível.

A agricultura de precisão utiliza tecnologias avançadas, como sensores, drones e sistemas de GPS, para monitorar e otimizar o uso de recursos na lavoura.

Essas tecnologias permitem a aplicação mais eficiente de insumos, como água, fertilizantes e pesticidas, ajustando-os com base nas necessidades específicas de cada parte do campo. Isso reduz o desperdício e maximiza a eficiência dos recursos utilizados.

Um exemplo é uso de sensores de umidade do solo e drones para monitoramento de culturas, que permite que os agricultores ajustem a irrigação e a aplicação de fertilizantes de forma precisa, garantindo que cada planta receba exatamente o que precisa para crescer de forma saudável, sem desperdício de recursos.

Aqui, já estamos falando em Internet das Coisas (IoT), que, de acordo com este estudo, possibilita:

  • realizar a detecção e o monitoramento da produção;
  • analisar o desenvolvimento de culturas;
  • realizar o controle de desempenho zootécnico animal;
  • avaliar o processamento de alimentos;
  • prever variáveis meteorológicas.

Outra tecnologia importante é o Big Data (grande volume de dados, em tradução livre), que reúne um grande conjunto de dados dos plantios atuais e passados. Por meio dessas informações, você pode emitir relatórios com uma série de dados sobre a eficiência do uso dos produtos na lavoura, bem como da qualidade dos seus processos.

Trocando em miúdos

Em resumo, a aplicação da economia circular no agronegócio deve incluir os seguintes passos:

  • reduzir o desperdício dos recursos utilizados na lavoura, bem como a poluição;
  • favorecer a regeneração dos sistemas naturais que, eventualmente, tenham sido prejudicados pela plantação;
  • dar a preferência por materiais e matérias-primas de longa duração.

Como você pode perceber, a implementação da economia circular no agronegócio não pressupõe a diminuição da produção agrícola, bem como da própria geração de lucro. O foco é possibilitar que os seus interesses comerciais enquanto produtor rural andem de mãos dadas com a sustentabilidade e a proteção ao meio ambiente.

É importante entender que a economia circular no agronegócio está e vai continuar a revolucionar o setor. É natural ter que adaptar com frequência os processos para atingir esse fim. Afinal, estamos falando de uma mudança que costuma gerar dificuldade inicial. Contudo, com o passar do tempo, fará parte do dia a dia, possibilitando a adoção de novas práticas que tornem os processos ainda mais otimizados e eficientes.

Gostou deste artigo? Que tal continuar aprendendo outros conhecimentos para aplicar na sua produção rural? Dê uma lida no nosso artigo especial sobre adubação de sistemas.

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