Cultura do milho: características, importância e problemas enfrentados
Podemos dizer que a cultura do milho é uma atividade agropecuária muito importante para o Brasil. Além de ser cultivado na maioria das propriedades do país, ele é utilizado para diversas finalidades – desde a produção de rações para animais a alimentos para a população, combustível e fabricação de plástico.
No entanto, apesar da diversidade, não significa que o plantio seja fácil. É essencial que o produtor saiba gerenciar a plantação para ter sucesso, seja na escolha da semente, seja no uso da plantadeira.
Para que você entenda melhor sobre a cultura do milho, juntamos neste texto as principais características e problemas enfrentados pelos milhocultores. Confira!
A produção de milho no Brasil
O milho é uma matéria-prima essencial para o setor agropecuário. É uma planta de alto poder comercial com a sua origem no continente americano, especificamente no México. Para se ter uma ideia, é um dos três cereais mais importantes para a alimentação mundial, estando ao lado do arroz e do trigo.
Quando se trata da cultura do milho no Brasil, o seu prestígio não seria diferente, já que ele responde por 40% da produção agropecuária. E há um motivo bem claro: é um grão que consegue ser cultivado em todas as regiões do país, por conta de suas características fisiológicas.
No entanto, é no Centro-Oeste que a produção se destaca, especialmente por ser a maior região em termos de cultivo deste alimento, representando 52%. Logo em seguida, vem as regiões Sul (13%), Sudeste (13%), Nordeste (7%) e Norte (3%). O principal produtor do Centro-Oeste é o estado de Mato Grosso, responsável por cerca de 34%.
As características da cultura do milho
De maneira geral, a cultura do milho no Brasil passou por mudanças nos últimos anos, muitas vindas da tecnologia, que trouxe mais produtividade.
Porém, não se deve deixar de notar que o manejo correto tem um papel importante na melhoria dessa plantação, principalmente por ser necessário o processo adequado no trato das sementes, solo e colheita. Isso inclui algumas operações básicas que vamos detalhar mais a seguir. Confira!
Adubação e preparo do solo
Uma das características para a implantação de qualquer cultura é a qualidade do solo. Inicialmente, é feita uma análise para entender o quanto aquela região é capaz de fornecer nutrientes. Logo, são avaliados os níveis e também as toxicidades de alguns elementos que, em excesso, podem prejudicar a plantação.
Também é feito um estudo para saber o quanto a falta de nutrientes está afetando a planta. Portanto, muitas vezes a avaliação é feita durante o processo de cultivo. Nesse caso, usa-se o diagnóstico foliar, que se baseia na relação entre o crescimento das plantas e os níveis de nutrientes.
Manejo do solo
Existem duas formas de preparar a terra: o preparo convencional e o plantio direto. No primeiro caso, o cultivo é um método em que se utilizam arados e grades para revolver a terra e quebrar os torrões. O objetivo é deixá-la mais solta e aerada, além de ser uma técnica que ajuda a diminuir o aparecimento de plantas invasoras.
Já o plantio direto é bem diferente do anterior, pois não envolve o revolvimento da terra, além da rotação de culturas e o mantimento da palhada sobre o solo. Algumas vantagens são:
- permite a rotação de culturas;
- proporciona a menor degradação do solo;
- menos impacto de gotas de chuva ou enxurradas;
- evita a perda de solo, água ou nutrientes por causa de erosão;
- mantém a umidade do solo.
A importância da cultura do milho
Como explicamos no início do artigo, o milho é uma cultura essencial para a alimentação humana e animal. Para as pessoas, serve de matéria-prima para diversos alimentos, como farinhas, doces, salgados, óleo, pipoca, entre outros. Para os animais, consegue ser bastante abrangente, alimentando desde aves até suínos.
Sem falar que importância da cultura do milho vai além da questão alimentícia. Ele é um componente para a fabricação de biocombustíveis, como o etanol, e na produção de plástico e até de remédios.
No caso da agricultura, além de ser essencial como produção, também incentiva a rotação de culturas, o que ajuda a potencializar a qualidade do solo.
Problemas enfrentados na cultura do milho
Conheça as principais pragas e doenças que podem atingir uma plantação de milho.
Pragas
As pragas costumam atacar de acordo com as etapas da planta, isto é, da fase vegetativa até a maturidade fisiológica. Nesse sentido, elas afetam as sementes, raízes e plântulas. O efeito básico é que reduzem a população e afetam a capacidade do solo. Confira as principais:
Lagarta-elasmo
Esse é um tipo de praga que surge esporadicamente. No entanto, quando aparece, pode, em pouco tempo, causar uma grande destruição. A lagarta-elasmo costuma atacar na fase inicial, aparecendo em épocas de estiagem.
Causa também grandes danos aos solos leves e bem drenados, como no caso do plantio convencional. Quando há incidência desse tipo de lagarta, é possível observar folhas raspadas e a área do coleto da planta vira uma espécie de galeria vertical. As folhas tendem a murchar e morrer.
Lagarta-rosca
É um tipo de praga que depende das condições do ambiente para aparecer – geralmente em solos pesados com mau cultivo ou sujeiras. Os sintomas são notados com cortes na base da planta, causando a sua morte. Se há infestação, a tendência é a redução da população.
Larva-alfinete
Essas larvas se alimentam das folhas e principalmente das raízes do milho. No Brasil, aparecem expressivamente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Como se alimentam das raízes, prejudicam diretamente a capacidade de absorção de nutrientes e água da planta, o que causa uma falta de sustentação, além de desnutrição. É possível perceber a presença das larvas quando as plantas ficam arqueadas ou até caem, dependendo do vento e das chuvas.
Lagarta do cartucho
Essa é uma das principais pragas da cultura do milho e é um inseto que aparece desde quando a planta está na fase inicial até madura, ou seja, a formação da espiga. Seu potencial de dano é bem alto, passando de 50% da população. Os sintomas são folhas transparentes, pois as lagartas raspam o local. Conforme se desenvolve, o inseto se aloja no cartucho e o destrói.
Percevejo-barriga-verde
Esses insetos são mais comuns em culturas de soja, mas podem aparecer nas plantações de milho por conta da sucessão ou rotação. Eles atacam na fase inicial e têm o potencial de causar perdas totais.
Como costumam se alimentar da base das plântulas, indo da bainha até as folhas internas, causam lesões no local. É possível ver vários furos simétricos no limbo foliar com a volta amarelada. Também é comum que as plantas atacadas apresentem deformações.
Cigarrinha-do-milho
Os insetos adultos e as ninfas atacam a planta sugando a seiva, o que prejudica o sistema radicular. Porém, essa espécie também transmite doenças, como o enfezamento pálido, enfezamento vermelho e o vírus rayado fino. Dependendo do nível de invasão, fatores ambientais e a sensibilidade da planta, a transmissão pode ser bastante alta, passando de 80% da população. Entre os principais sintomas estão:
- folhas com riscas amarelas (rayado fino);
- folhas deformadas e descoloridas nas bordas da base (enfezamento pálido);
- nanismo nas últimas plantas e folhas avermelhadas (enfezamento vermelho).
Lagarta da espiga
Essa é uma praga que ocorre na fase adulta. Ela bota seus ovos no estilo-estigma. Quando as larvas nascem, já começam a causar danos na planta e, conforme se desenvolvem, caminham para a ponta da espiga para se alimentar dos grãos.
As doenças
As doenças são outro tipo de problema que o produtor pode enfrentar. Algumas são causadas por pragas, outras por questões desfavoráveis em relação à nutrição e falta ou excesso de adubação. A seguir vamos conhecer as principais.
Cercosporiose
A doença apareceu no país por volta dos anos 2000 em Goiás e, nos últimos anos, já é possível encontrá-la em todas as áreas do Centro-Sul. É uma enfermidade bastante poderosa, podendo atingir mais de 80% da plantação.
Seus sintomas abrangem manchas acinzentadas em formato retangular e também lesões. A tendência é que, conforme a doença se desenvolve, o tecido foliar apresente necrose.
Mancha Branca (phaeosphaeria)
Essa é uma das principais doenças que atingem a cultura do milho e está presente na maioria das regiões de plantio. Se o ambiente ainda favorece a sua propagação, as perdas podem chegar a 60%.
Os principais sintomas são lesões aquosas, circulares e de coloração verde clara. À medida que se desenvolve, passam a ficar em um estado necrosado com cor de palha e diâmetro que varia de 0,3 a 1 cm. Geralmente, os sintomas aparecem nas folhas – primeiro nas inferiores e depois superiores.
Em ataques mais severos pode-se observar lesões na palha da espiga.
Ferrugem Polissora
É uma doença predominante nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Com possibilidade de perdas de até 40%, os principais sintomas são a formação de pequenos círculos de coloração marrom clara que ficam na face superior das folhas.
Ferrugem Comum
Já nesse caso, essa é uma doença que aparece em boa parte dos estados do Sul, tendo como principal característica a formação de círculos em toda a planta, especialmente nas folhas. O formato é oval, com uma coloração castanho clara e também escura. Enquanto se desenvolvem, podem chegar a provocar necrose.
Helmintosporiose
Com a possibilidade de atingir 50% da produção, a Helmintosporiose é uma doença comum no plantio de safrinha. Os principais sintomas são lesões necróticas e elípticas de até 15 cm e uma coloração cinza e marrom. Costuma aparecer primeiramente nas folhas mais velhas.
A correta semeadura do milho
A escolha das sementes é um passo essencial para acertar no cultivo desta cultura. É importante optar por sementes de qualidade, principalmente com boa capacidade de germinação. Para escolher as melhores, é preciso considerar como funciona o seu sistema de produção, essencialmente o tipo de máquina utilizada, além das condições climáticas e do solo.
É interessante que o produtor planeje qual será a época para começar o cultivo. As sementes devem ser compradas já com a data da plantação, evitando que fiquem armazenadas em locais úmidos ou de altas temperaturas.
Em relação aos tipos de plantadora, já que o comum é utilizar máquinas com sistemas de distribuição rotativa de discos, eles devem ser trocados de acordo com as dimensões das sementes. Também é preciso regular a rotação conforme a velocidade do equipamento.
É comum que a escolha dos discos e do anel seja específica para as sementes – liso para as chatas ou friso/rebaixado para as arredondadas. Em relação à profundidade do plantio, a uniformidade é importante para evitar plantas dominantes, impedindo a competição de nutrientes e água. Não utilize profundidades rasas ou fundas demais, ou muito próximas do adubo – o ideal é que haja uma profundidade de 3 a 5 cm.
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