mão masculina segurando um fruto de café na árvore

Guia sobre a cultura do café

A cultura do café no Brasil tem uma história muito importante para o desenvolvimento econômico e cultural do país.

Foi no século XVIII que recebemos as primeiras mudas. O ano era 1727 e o oficial português Francisco de Mello Palheta foi o responsável por introduzir esse cultivo no país. Elas foram plantadas no estado do Pará.

Já no século seguinte, o café se tornou o principal produto de exportação do Brasil Império: vivíamos a era dos barões do café e com um movimento intenso de imigrantes, principalmente italianos, para trabalharem nas lavouras.

Neste conteúdo, você vai poder aprender mais sobre o cultivo do café, como é esse mercado para o produtor e quais as principais características da cultura do cafeeiro. Aproveite a leitura!

BB Conexão mercado Agro

O mercado cafeeiro

Hoje, o café continua sendo uma das bebidas mais consumidas no mundo inteiro. Inclusive, as exportações de café do Brasil bateram recorde no ano de 2022, conforme relatório mensal de exportações de dezembro 2022, do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

Portanto, é um mercado interessante para o produtor rural que deseja comercializar sua produção para o mercado externo. Afinal, o Brasil exporta café para mais de 122 países. No ano passado, as exportações da cultura do cafeeiro atingiram a receita cambial de 9,23 bilhões de dólares.

Para a safra de café 2023/2024, a projeção feita pela consultoria Safra&Mercado aponta uma alta de 13% na produção em relação ao período anterior. Já a comercialização do produto também conta com uma projeção positiva: está previsto um aumento de 21% nas exportações em relação à última temporada.

Vale ressaltar que o café é considerado a segunda maior commodity do mundo em termos de valor, ficando atrás apenas do petróleo. Ao longo de dois séculos como líderes na exportação de café, temos o cultivo do cafeeiro em todos os estados brasileiros, mas os principais produtores são os seguintes:

  • Minas Gerais;
  • Espírito Santo;
  • São Paulo;
  • Bahia;
  • Roraima;
  • Paraná.

As características gerais do café

No mundo, há duas espécies de cultura de café amplamente cultivadas: a arábica e a conilon ou robusta. Ambas são encontradas em condições de sub-bosque, ou seja, é o relevo correspondente à vegetação encontrada no interior das florestas.

Tanto o café arábica quanto o conilon têm origem na África, continente em que, de tão extenso, é possível encontrar os climas equatorial, tropical, desértico e mediterrâneo. Isso significa que, em partes, há muitas áreas parecidas com o clima e relevo brasileiro.

É interessante que você, produtor, saiba que o café conta com um ciclo bienal de produção, conhecido também como bienalidade. Isso significa que é uma cultura que tende a produzir mais em um ano e menos em outro, considerando a particularidade da lavoura.

Arábica

Originário das regiões altas da Etiópia, na parte leste da África, o café arábica é responsável por aproximadamente 65% da produção brasileira.

Conilon

Essa espécie tem origem em terras baixas e mais quentes, na parte oeste do continente africano, com destaque para os países do Congo e Guiné. Hoje, o café conilon é amplamente cultivada no Espírito Santo.

A morfologia do café

Classificada como um arbusto, a planta do café pode atingir entre 2 e 4 metros de altura. Ela conta com um tronco cilíndrico e a sua raiz é pivotante, profunda e ramificada.

Além disso, a planta do café tem ramos laterais primários flexíveis e largos, com ramificações secundárias e terciárias.

É importante para a cultura do cafeeiro entender a morfologia da planta. Por isso, listamos a seguir as principais características do café.

Sistema radicular

O sistema radicular da cultura do cafeeiro pode variar de acordo com os seguintes fatores:

  • textura;
  • fertilidade;
  • compactação do solo;
  • disponibilidade hídrica;
  • irrigação;
  • método de cultivo;
  • espaçamento;
  • doenças e pragas.

No entanto, de maneira geral, a planta do café tem as seguintes características:

  • raiz pivotante — curta e grossa, raramente se estende a mais de 50 centímetros, sendo que a sua poda drástica pode prejudicar a capacidade de nutrição das raízes;
  • raízes axiais — ramificações da raiz pivotante, podem atingir até 3 metros de profundidade;
  • raízes da placa superficial — crescem de forma paralela à superfície do solo, atingindo até 2 metros de distância do tronco;
  • raízes laterais fora da placa — elas aparecem mais profundamente, se compararmos com as outras, e se ramificam no solo.

Caule

A cultura do cafeeiro conta com um arbusto de crescimento contínuo. Os seus ramos podem ser:

  • ortotrópicos — crescem verticalmente e dão origem às folhas;
  • plagiotrópicos — crescem horizontalmente, dando horizonte a folhas, flores e frutos.

Folhas

Tanto a espécie arábica como a conilon contam com folhas em duplas. A primeira dupla é chamada de folhas primárias, que apresenta aspecto arredondado e são levemente enrugadas.

Posterior a elas, a cultura do café tem o que chamamos de folhas verdadeiras. Elas são caracterizadas por uma coloração verde escura e aspecto brilhante. Além disso, no caso da espécie conilon, as folhas são um pouco maiores.

Inflorescência e flor

A inflorescência é o conjunto de flores que compõem um sistema de ramos, como é o caso da planta do café. Essa estrutura aparece de maneiras distintas nas duas espécies.

No caso do café arábica, a inflorescência é formada na “axila” das folhas que nascem dos ramos plagiotrópicos. Já na espécie conilon, a estrutura da inflorescência aparece em gemas seriadas dos ramos plagiotrópicos, e quando o tempo está mais próximo do aparecimento das flores.

As flores da planta do café são hermafroditas e têm cinco pétalas que são soldadas entre si, conhecidas também como gamopétalas. Para se ter uma ideia de como é a flor do café, a flor da dama-da-noite também tem essa formação. A diferença é que na cultura do cafeeiro as flores estão no formato de inflorescência também.

Fruto e semente

O fruto do cafeeiro tem coloração avermelhada ou amarelada, dependendo do estágio de maturação. Além disso, tem aspecto arredondado e contém até duas sementes por fruto. As sementes do café arábica são maiores e têm tonalidade mais forte do que as da espécie conilon.

cotação do café

A cultura do café

Você já sabe que a cultura do café está presente em praticamente todo o território brasileiro. Vimos também que a Região Sudeste se destaca na produção, com três estados liderando o ranking nacional de produção desse grão. Agora, então, vamos ver um pouco mais sobre como acontece o plantio.

Condições de cultivo e colheita

Ambas as espécies da cultura do cafeeiro, arábica e conilon, são plantas de clima tropical. Isso explica o porquê de se adaptarem tão bem ao Brasil. Mas, vale ressaltar, elas não são adaptadas a extremos de temperaturas. Além disso, a espécie conilon é cultivada em temperaturas mais altas do que a arábica.

A temperatura e a distribuição de chuvas são exemplos de fatores de clima que influenciam diretamente no volume e na qualidade da safra do café.

Em resumo, a cultura do café no Brasil conta com seis fases de plantio. Veja mais a seguir.

1ª ano fenológico

  • Fase 1 — vegetação e formação de gemas foliares;
  • Fase 2 — indução e maturação de gemas florais.

2ª ano fenológico

  • Fase 3 — florada;
  • Fase 4 — granação dos frutos;
  • Fase 5 — maturação dos frutos;
  • Fase 6 — repouso e envelhecimento dos ramos terciários e quaternários.

É interessante destacar que, no passado, a colheita do café era feita de forma manual. Hoje, com a aplicação da tecnologia no campo, é possível investir em maquinário específico para a cultura no Brasil.

Assim, para modernizar a sua propriedade e ter ganho de eficiência, você pode comprar o maquinário agrícola ideal, como semeadoras e colheitadeiras de café.

Os principais problemas enfrentados

Como toda produção agrícola, a cultura do café no Brasil enfrenta desafios que influenciam no volume da safra e na qualidade dos grãos. Aspectos relacionados às variações climáticas, ataque de pragas e doenças da lavoura são exemplos disso. Entenda abaixo como isso acontece na cultura do cafeeiro.

Geadas

As geadas acontecem quando há uma queda brusca da temperatura. Lembre-se de que o cafeeiro é uma cultura de clima tropical. Portanto, os eventos de geada podem impactar negativamente a safra e a qualidade dela.

É importante adotar ações de precaução, como:

  • alocar os cafezais nos terços superiores das encostas, sendo que elas devem ter um declive de 5% para facilitar a drenagem do ar frio;
  • evitar que a cultura do cafeeiro seja feita em terreno côncavo ou baixadas, porque são áreas que centralizam o ar frio, ou seja, aumentam o impacto das geadas;
  • manter a cultura bem adubada e com a nutrição ideal, principalmente de potássio;
  • deixar o solo o mais limpo possível durante os períodos de queda de temperatura.

Pragas

Como toda plantação, a cultura do café no Brasil também sofre com pragas, que podem prejudicar a safra. Dentre as principais, temos:

  • bicho-mineiro — é considerada a praga-chave do cafeeiro e tem ocorrência quando há baixa umidade;
  • broca do café — também considerada uma praga-chave que ataca o fruto em qualquer estágio e é de difícil controle;
  • cigarras do cafeeiro — as ninfas dessa praga sugam a seiva das raízes, o que causa a perda de nutrição e a morte precoce da planta.

Doenças

A cultura do cafeeiro tem propensão a algumas doenças, sendo importante ter um olhar atento para acompanhar a lavoura e atuar de maneira preditiva e corretiva, quando necessário.

As doenças mais comuns nas plantações de café são:

  • ferrugem — é mais comum no café arábica, atacando principalmente as suas folhas, e é tratada com fungicidas;
  • mancha do olho pardo — é um fungo que provoca lesões circulares de coloração pardo-clara, tendo como cenário ideal mudas que são tratadas com substratos de nutrientes fracos, lavoura em formação e cafezal adulto;
  • seca dos ponteiros — uma doença fúngica rotineira em plantações ao redor do mundo, principalmente em elevadas altitudes, provocando lesões deprimidas de coloração marrom nas folhas, fruto e flores do cafeeiro;
  • podridão de raízes — é comum em cafezais novos plantados em solos com desmate recente, sendo caracterizada pela absorção insuficiente de nutrientes.

Gostou do artigo? Que tal saber mais sobre a cultura do café no Brasil? Faça o seu cadastro no Broto e participe do nosso curso gratuito de cultivo do cafeeiro.

Quer receber nossas novidades e conteúdos?

Cadastre-se e receba por e-mail em primeira mão.

E-mail cadastrado com sucesso
Ops! E-mail inválido, verifique se o e-mail está correto.
Ops! Captcha inválido, verifique se o captcha está correto.

Diga o que está em sua mente

Seu endereço de e-mail não será publicado.