cultivo do café

Cultivo do café: o guia completo sobre o grão!

O Brasil é o maior produtor de café do mundo e maior exportador mundial. O grão é um dos grandes responsáveis pela movimentação econômica do país. O cultivo do café parte de um processo complexo em razão da necessidade de manter a alta qualidade do produto final, adotando boas práticas de plantio e armazenamento do grão.

Além disso, também somos os maiores consumidores de café do mundo. Não é por acaso que esse assunto atrai o interesse de tantas pessoas. Mas, afinal, como funciona o cultivo do café?

Neste artigo, você vai acessar um panorama completo sobre o assunto. Vamos começar falando sobre o mercado de café no Brasil. Depois, você vai conhecer o processo de produção e as melhores práticas. Em seguida, traremos dicas práticas de cultivo e armazenamento.

Ficou curioso? Continue a leitura e aprofunde o seu conhecimento sobre o assunto.

Como é o mercado de café no Brasil?

O Brasil é o maior produtor, exportador e consumidor de café do mundo. Essas informações apontam para a relevância da produção desse produto em terras nacionais. Com impacto significativo na economia local, somos lembrados em muitos lugares do mundo quando o assunto é café.

De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em 2022, a produção de café no Brasil ocupa 1,82 milhão de hectares. Dados recentes também divulgados pelo órgão estimam uma produção de 55,74 milhões de sacas de 60kg, sendo:

  • 38,78 milhões de sacas de café Coffea Arabica;
  • 16,96 milhões de sacas de Coffea Canephora.

Nota-se que, em relação à safra do café de 2021, houve um pequeno aumento de 0,6% na produção. Porém, os dados de produtividade são mais expressivos:

A produtividade aumentou de 26,4 sacas por hectare para 30,6 sacas por hectare em 2022, o que representa um acréscimo de 16,1%. Especificamente em relação ao café arábica, a produtividade subiu de 21,9 sacas por hectare para 27,1 sacas por hectare (23,6%); e os cafés da espécie canéfora tiveram um discreto incremento de 0,4%, já que passaram de 43,4 sacas por hectare para 43,6 sacas por hectare.

Segundo dados da Organização Internacional do Café (OIC), a produção de café arábica no Brasil está estimada em 59% da produção mundial, enquanto a produção de canéfora equivale a 41% de toda a safra mundial.

A participação do Brasil no mercado mundial sinaliza a relevância do grão sob o ponto de vista econômico. Para garantir os melhores resultados e um bom retorno em termos de exportação, os produtores precisam estar atentos aos cuidados e adoção de boas práticas no cultivo do café.

Quais são as principais variedades de café?

Para entender como funciona o cultivo do café, primeiro você precisa conhecer as variedades que são mais cultivadas no país.

Como você deve ter notado, as exportações estão centralizadas em dois tipos de grãos: Coffea Arabica e Coffea Canephora — este também conhecido como Conilon ou Robusta.

As diferenças entre eles são:

  • Arábica: sabor suave e puro, é mais adocicado no paladar e tem uma leve acidez;
  • Conilon: sabor mais rústico e acentuado.

Essas espécies principais têm ramificações, criadas por meio de melhoramentos genéticos. Especificamente no caso do Arábica, há alguns subtipos:

  • Arábica Acaiá: grão de boa produtividade, 100% arábica e que tem suas características acentuadas quando cultivado em altitudes maiores — acima de 800m do nível do mar;
  • Arábica Bourbon: bebida suave, com aroma intenso e sabor levemente adocicado, amplamente produzido no sul do estado de Minas Gerais;
  • Arábica Catuaí: é um cruzamento dos dois tipos que mencionaremos a seguir (Caturra e Novo Mundo), que oferece boa rentabilidade produtiva ao produtor e se transforma em uma bebida naturalmente doce;
  • Arábica Caturra: nas primeiras safras, tem elevada produção. Entre suas características, destaca-se um porte menor de planta, com folhas maiores e mais largas;
  • Arábica Novo Mundo: facilmente adaptável, tem aroma suave e sabor marcante. É mais encorpado e doce do que outras variações de grãos.

Como é o processo de produção do café?

O processo de produção de café passa por uma série de etapas. A seguir, falaremos brevemente sobre as principais etapas e suas características. Cada etapa do processo será acompanhada de algumas dicas práticas que podem ajudar o produtor a obter o melhor desempenho.

Preparo do solo

Antes de iniciar a plantação de fato, é necessário realizar o manejo e preparo do solo. Dessa forma, serão criadas as condições necessárias para o crescimento e o cultivo do café.

De forma geral, a preparação do solo passa pelas etapas de subsolagem, aração, gradagem, nivelamento e sulcamento. Confira algumas dicas importantes neste processo de preparo do solo:

  • se houver compactação do solo em camadas de terra abaixo de 20 cm da superfície, é recomendado utilizar um subsolador. Ele vai romper as camadas inferiores e favorecer o desenvolvimento da planta;
  • a aração permite tornar o solo mais aerado; com isso, facilita a infiltração e o armazenamento da água;
  • depois de realizar a aração/subsolagem, se forma o torrão. Para realizar o processo de destorroamento e nivelamento do solo, é indicada a operação de gradagem. A ação deste processo é superficial, atingindo uma profundidade de 10 a 15 cm do solo.

Outra dica importante nesse sentido diz respeito ao planejamento do espaçamento e orientação dos sulcos. Ele deve ser feito de tal forma que facilite os manejos que serão realizados futuramente: adução, uso de maquinário, tratamentos e colheita.

cotação do café

Plantio

Com o solo preparado, o passo seguinte é o plantio. Ele começa com um processo chamado de “coveamento”. Nessa etapa, é realizada a cova para plantio das mudas de café. Esse processo pode ser feito manualmente ou com o uso de máquinas agrícolas.

Confira algumas dicas práticas para o plantio:

  • as dimensões médias sugeridas para coveamento são de 40 x 40 x 40 cm;
  • o plantio das mudas de café deve ser realizado, preferencialmente, em períodos de chuva;
  • utilize cobertura morta ao redor da muda. Isso vai manter a umidade do solo e reduzir os danos relacionados ao contato com ervas daninhas.

Replantio do café

Eventualmente, pode ser necessário realizar o processo de replantio do café. Ele se torna uma necessidade quando as plantas do seu cafezal ficam fracas ou morrem.

O replantio é uma técnica interessante, já que possibilita a homogeneidade da plantação. Estes são alguns cuidados e dicas importantes que você pode utilizar para o replantio de café:

  • reduza a distância entre as plantas na linha;
  • use mudas maiores;
  • invista em variedades que tenham maior resistência a nematoides;
  • faça um controle de cuidados junto às mudas replantadas;
  • use fonte de matéria orgânica nas covas de plantio.

Colheita

Com o sucesso dos resultados na plantação, é chegado o momento da colheita. Esta é considerada uma etapa importante no processo de cultivo de café.

A colheita pode ser feita de três formas:

  • Colheita manual: aumenta a consistência do produto e agrega valor no comércio;
  • Colheita semimecanizada: realizada por meio de derriçadoras motorizadas portáteis;
  • Colheita mecanizada: realizada com máquinas, permite a colheita total ou seletiva e não causa danos significativos à planta.

No Brasil, a colheita geralmente ocorre em períodos de seca (entre março e setembro). Ela deve ser feita quando os frutos estão em estado de maturação fisiológica. A maturação pode ser identificada pela mudança da cor da casca: ela muda do verde para o vermelho ou amarelo (a cor difere de acordo com a variedade).

Outra dica importante é que a colheita seja iniciada quando houver uma pequena quantidade de cafés verdes, preferencialmente, um percentual inferior a 20% de toda a lavoura.

Armazenamento

Feita a colheita dos grãos, passamos para a etapa de armazenamento. Esse processo pode ser feito antes e depois do beneficiamento ou após a secagem.

A preservação da qualidade dos grãos está diretamente relacionada ao processo de armazenamento. Por isso, é fundamental investir em boas práticas de armazenamento. Confira algumas dicas:

  • mantenha uma higienização adequada dos armazéns em que os grãos serão armazenados;
  • utilize um telhado que reduza a transferência do calor;
  • as paredes e os pisos do armazém devem ser impermeáveis;
  • o ambiente deve ter pouca iluminação interna e baixo índice de umidade.

Para garantir os melhores resultados, a armazenagem deve ser feita quando os grãos estiverem com uma umidade aproximada de 12%. Os grãos devem ser acondicionados em sacarias e/ou big bags, que são embalagens grandes, flexíveis e de alta resistência.

Entre os processos citados, há outros que variam de acordo com a dinâmica de cada produtor rural. Entre eles, destacamos a cura, a degustação, a torrefação e a moagem.

Como o café é cultivado?

As plantações de café devem ser planejadas seguindo algumas exigências de solo e clima. Como destacamos, o solo precisa ser preparado de forma adequada para receber as mudas do café. A plantação deve ser feita em períodos de maior chuva.

A temperatura ideal de cultivo do café varia entre 18°C e 23°C. Um clima muito quente, com temperaturas acima de 30°C, pode prejudicar o desenvolvimento da planta.

De que forma funciona o armazenamento e a venda do café?

Como já destacamos, o armazenamento é uma etapa importante na gestão do cultivo do café. Quando o armazenamento é feito de maneira inadequada, podem haver perdas significativas em termos de qualidade e quantidade de produto.

Por isso, o produtor deve investir em boas práticas de manejo e conservação após a colheita, com atenção especial a:

  • migração de umidade;
  • infestação de insetos;
  • incidência de luz; e
  • condensação de vapor.

O café pode ser armazenado após a secagem e antes do beneficiamento. Essa dinâmica vai depender dos processos, objetivos e do perfil de cada produtor.

Precificação e venda do café

Depois de todos os cuidados ao longo dos processos de produção, chega a etapa de precificação e venda do café. Nesse momento, o cafeicultor precisa ser estratégico e levar em consideração todos os custos, sem deixar de manter a competitividade e a continuidade sustentável do seu sistema de produção.

Os fatores que compõem esses custos variam de uma propriedade para outra, conforme o tipo de cultura e demais características do negócio. Porém, de uma maneira geral, eles são representados em custos fixos e custos variáveis. Nos custos fixos, são levadas em conta as despesas com manutenção, funcionários, juros de financiamento, almoxarifado etc. Além disso, eles impactam as decisões de médio e longo prazos. Já os custos variáveis são aqueles que modificam de acordo com o volume da produção agrícola. São exemplos as sementes, fertilizantes, armazenagem, transporte e operações.

O cálculo para a composição do preço de venda do café é simples. No entanto, as análises que envolvem sua precificação devem ser feitas com atenção, garantindo a lucratividade necessária para manter a saúde financeira do produtor.

Para fazer um cálculo de custo, é necessário ter em mãos todas as informações que formam o cálculo de precificação, bem como o volume de produção que será vendido. A análise do mercado e as expectativas econômicas também devem ser observadas, tendo em vista o impacto causado na produção.

Cada produto tem particularidades com relação à precificação: aspectos como qualidade, diferenciação entre os produtos disponíveis no mercado, grau de procura dos consumidores e regionalidade, por exemplo.

O Brasil se destaca no mercado mundial de produção de café. Por isso, existem padrões classificatórios para os produtos que definem características de identificação e qualidade dos cafés. Esse processo é determinante para a orientação da precificação dos cafés produzidos nacionalmente, impactando diretamente na remuneração dos cafeicultores, cooperativas e exportadores.

No estudo intitulado “Coordenação no mercado do café brasileiro: o desserviço da classificação por defeitos“, de autoria de Fabyo Lyrio Santos e Jorá Flávio Diniz Nantes, são abordados aspectos importantes relacionados à precificação desse tipo de mercadoria:

O sistema oficial brasileiro responsável pela classificação e padronização dos lotes conserva a mesma essência desde os primórdios do estabelecimento do marco regulatório, no final do século XIX. Sua ênfase nos defeitos físicos do produto é contraproducente no atual ambiente mercadológico globalizado, no qual a competitividade das cadeias produtivas baseia-se na excelência.

De acordo com os autores, o mecanismo utilizado desprestigia produtos que têm distinção em termos de qualidade, afetando negativamente o sistema de pagamento. Apesar dessa realidade enfrentada por todo o mercado, as novas formas de precificação já vêm sendo consideradas:

As cooperativas de cafeicultores têm buscado contornar o problema adotando métodos alternativos de classificação, baseados em quesitos desenvolvidos internamente. O artifício é um importante indicativo da insatisfação do setor produtivo com o mecanismo oficial. Esses agentes têm conseguido, dessa forma, orientar o pagamento do produto de modo mais coerente e justo. Coerente, no sentido de os lotes de mesma categoria possuírem, de fato, atributos intersemelhantes e relevantes para o mercado, e justo, no sentido de o produtor ser remunerado corretamente por seu produto.

Os produtores devem estar atentos a essas questões, levando em consideração variáveis como diferenciação dos cafés especiais e regionais e qualidade das mercadorias.

Como você pode ver, há uma série de fatores a serem levados em consideração quando se fala em cultivo e gestão cafeeira. Nesse contexto, o uso de tecnologia pode ajudar o produtor em todas as etapas de cultivo do café. Por meio de soluções voltadas às necessidades do produtor rural, é possível qualificar processos:

  • contratação de fornecedores e aquisição de produtos;
  • planejamento das atividades;
  • gestão e análise de custos de mão de obra;
  • potencialização da produtividade econômica;
  • análise de resultados;
  • controle de custos;
  • acesso a informações preditivas;
  • acesso a orientações agronômicas.

Com a combinação entre boas práticas de cultivo e uso de tecnologia, o produtor rural tem condições de desenvolver um trabalho com maior produtividade e que traga resultados positivos para a sua produção.

Como você viu ao longo deste material, a produção de café no Brasil impacta significativamente a economia local. Sendo o país o maior produtor, exportador e consumidor do mundo, o incentivo ao trabalho dos produtores é uma etapa importante para o desenvolvimento de boas práticas e crescimento do setor no país.

Para manter o status de maior produtor mundial e continuar entregando produtos com qualidade reconhecida, é fundamental manter o seu negócio atualizado, usando soluções tecnológicas que agreguem qualidade e eficiência à produção.

Você gostou deste artigo sobre o cultivo do café? Aproveite para conferir quatro erros e prejuízos que o produtor pode evitar no dia a dia da lavoura.

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2 Comentários

    Gostaria de receber instruções “caseiras”, após a colheita!
    Trata-se de café para consumo próprio!

      Oi, Margareth! Tudo bem? Demos uma olhada no site da Embrapa e encontramos instruções gerais para o período após colheita do café. Dá uma olhadinha neste link. Espero que te ajude, pois na página tem até um “Manual do café: colheita e preparo”. Muito obrigado pela sua participação. Abraço e sucesso!

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