cultivo do algodão

Guia de cultivo do algodão

O algodão (Gossypium hirsutum L.) é considerado o “ouro branco” do Brasil. Afinal, é o cultivo do algodão move fortemente o agronegócio do nosso país, principalmente na região Centro-Oeste e na Bahia.

Inclusive, no Valor Bruto da Produção (VBP) agrícola, a cultura algodoeira representa o quinto lugar entre as safras que mais movem a economia no agro, com R$ 26,07 bilhões (2,4% do VBP total – dados de 2021).

Para quem deseja entender mais sobre essa cultura, preparamos este artigo para explicar como é feito o cultivo do algodão, desde suas características e particularidades até as melhores dicas para alcançar maior produtividade.

Características gerais do algodão

O Brasil é um dos principais produtores de algodão do mundo, perdendo apenas para a Índia, a China e os Estados Unidos. A fibra do algodão está diretamente atrelada à indústria têxtil. Já as sementes estão envolvidas na produção de óleo, o qual tem como subproduto a torta de filtro, que pode ser usada na alimentação animal.

Como características gerais do algodão, podemos destacar os seguintes pontos:

  • origem — México, Austrália, Península Arábica (Ásia) e Península Somálica (África);
  • principais cultivares — são diversas e dentre elas podemos citar: algodão branco – BRS RF, BRS 335, BRS 293, BRS 296 e algodão colorido – BRS Rubi;
  • tipo de solo — bem drenado, como os arenosos, porém, com teor de argila e matéria orgânica que contenha concentração de nutrientes, além de baixa tolerância a solos ácidos e à toxidez do alumínio;
  • exigência nutricional — o cultivo do algodão é muito exigente em nitrogênio, bem como potássio, para desenvolvimento fisiológico, e fósforo, para melhor rendimento das plumas;
  • morfologia — de forma geral, as suas raízes são pivotantes, e seu desenvolvimento é afetado negativamente pela presença de alumínio no solo e da compactação. As folhas são do tipo palmada, com flores na coloração creme na abertura, as quais, após a fecundação, mudam de cor. Após isso, desenvolvem-se as plumas, condicionadas em estruturas denominadas maçãs;
  • manejo — necessita de monitoramento constante devido à sua susceptibilidade ao ataque de pragas e doenças durante todas as fases do ciclo. Entre elas, podemos destacar o bicudo do algodoeiro (Anthonomus grandis), uma praga-chave que, se não controlada a tempo, pode prejudicar até 70% na colheita final;
  • fenologia e colheita — o ciclo do algodoeiro dura, em média, de 130 a 220 dias, a depender da cultivar. Inclusive, nessa etapa é preciso aplicação de desfolhantes e aceleração de maturação para colheita 100% eficiente. Após a emergência, a cultura passa por quatro fases fenológicas, que são: vegetativa (V), botões florais (B), florescimento (F) e abertura dos capulhos e colheita (C).

Fases do cultivo do algodão

Vamos entender com detalhes cada uma das quatro fases fenológicas do cultivo do algodoeiro:

Emergência

Trata-se do momento do nascimento da plântula, antes do início da primeira folha verdadeira. Na fase de semeadura até a germinação, tem duração de cinco a oito dias. A temperatura ideal para pleno desenvolvimento é de, aproximadamente, 25 °C.

Vegetativa (V)

É determinada após o nascimento da plântula e depois da emissão da primeira folha verdadeira. Compreende as seguintes etapas:

  • V0: dá-se no momento em que a nervura da primeira folha verdadeira chega a 2,5 cm de comprimento;
  • V1: final da etapa V0, até que a segunda folha alcance 2,5 cm de comprimento;
  • V2 – Vn: segue o mesmo critério das anteriores.

Botões florais (B)

Entre a fase vegetativa e o florescimento, há a etapa do surgimento da formação dos botões florais, sendo:

  • B1: quando o primeiro botão floral torna-se visível;
  • B2: primeiro botão do segundo ramo visível;
  • B3 – Bn: segue o mesmo critério das anteriores.

Florescimento (F)

É a fase em que os botões florais desabrocham, seguindo as mesmas etapas:

  • F1: o primeiro botão floral do primeiro ramo transforma-se em flor;
  • F2: o primeiro botão floral do segundo ramo também se transforma em flor;
  • F3 – Fn: segue o mesmo critério das anteriores.

Abertura dos capulhos e colheita (C)

Compreende o início da colheita do algodoeiro com a abertura do primeiro capulho, além da aplicação de desfolhantes e aceleradores de maturação:

  • C1: abertura da primeira maçã do primeiro ramo, que se transforma em capulho;
  • C2: abertura da primeira maçã do segundo ramo para se transformar em capulho;
  • C3 – Cn: segue o mesmo critério das anteriores.

A colheita pode começar quando o teor de umidade do capulho estiver inferior a 12%. Melhores condições de colheita ocorrem nas horas mais quentes do dia. Na região Centro-Oeste do país, especialmente no estado do Mato Grosso, é iniciada no segundo semestre, em junho, onde a operação já é totalmente mecanizada.

Após a colheita o algodão ainda passa pelo beneficiamento, momento em que é realizada a separação das sementes e da fibra. Para melhor eficiência na obtenção da pluma, normalmente são usados equipamentos de descaroçamento, que evitam a contaminação da pluma pelo óleo do caroço. Depois da pluma ser transformada em pequenos fardos, esses podem ser direcionados para o armazenamento ou transporte.

Principais problemas enfrentados no cultivo

Os desafios a serem enfrentados para o sucesso no cultivo do algodão são as questões de pragas e doenças, que prejudicam fortemente a colheita final. Inclusive, a principal doença que podemos destacar é a mancha da ramulária, causada pelo fungo Mycosphaerella areola, que demanda aplicação de, pelo menos, oito fungicidas por safra.

Na questão das pragas, além do bicudo do algodoeiro, existe outro inimigo oculto: o nematoide das galhas Meloidogyne incognita, de difícil controle. Isso porque eles são parasitas das raízes e comprometem a produtividade das plumas em até 40%.

Então, será que há alguma saída para tentar solucionar essas problemáticas para o produtor rural? Existem, sim: as cultivares! E será sobre elas que falaremos a seguir. Antes, porém, saiba que, ao final do artigo, vamos direcionar você para um conteúdo bem completo sobre esse tema, com fotos, inclusive.

Melhorias para o cultivo do algodão

Graças às pesquisas e inovações incessantes de pesquisadores por todo o país, cultivares foram desenvolvidas para lidar contra esses males que afetam a produtividade do cultivo do algodão.

Entre elas, a que mais se destaca é a cultivar BRS 500 B2RF, que tem resistência contra os nematoides das galhas, a mancha de ramulária e, até mesmo, as viroses, como a doença azul típica e a mancha angular.

Melhores práticas no cultivo do algodão

Para uma melhor gestão, a fim de melhores colheitas do algodoeiro, é preciso mão de obra no monitoramento constante de pragas e doenças, análise de solo para avaliar os teores de NPK (nitrogênio, fósforo e potássio), além de verificar se há toxidez de alumínio e compactação, fatores que afetam negativamente o desenvolvimento de raízes.

Por fim, é necessário utilizar implementos agrícolas para aeração do solo. Além disso, uma opção eficiente para avaliar projeções de produtividade do algodão são os simuladores.

O cultivo de algodão é, de fato, um mundo bastante particular, que demanda conhecimentos específicos para uma colheita volumosa e de qualidade.

Se você está em busca de se aprofundar nesse tema e conhecer os segredos para o sucesso do algodoeiro, inscreva-se no curso on-line e gratuito sobre a cultura do algodão, disponível na plataforma Broto.

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