Criação de aves: 5 dicas para começar na avicultura

A criação de aves se destaca como um negócio lucrativo e de alta demanda. Flexível em diferentes escalas, essa atividade é impulsionada por inovações tecnológicas e práticas de manejo com baixo impacto ambiental. 

Neste artigo, falaremos sobre a criação de aves, desde a avicultura caipira até os sistemas intensivos, considerando suas características e tipos.  

Além disso, apresentaremos dicas práticas para iniciantes na avicultura, considerando o planejamento do ambiente até a comercialização dos produtos. Aproveite a leitura! 

Introdução à criação de aves 

A criação de aves se refere ao processo de cuidar e manter aves domesticadas para diversos propósitos, como produção de carne e ovos. Essa atividade pode ser desenvolvida em diferentes escalas e integrada a outras atividades agropecuárias, o que proporciona mais flexibilidade ao avicultor. 

A criação de aves caipiras, por exemplo, é recomendada para agricultores familiares com baixos investimentos. No entanto, vale destacar que práticas inadequadas resultam em baixa produtividade. Por isso, é fundamental conhecer e adotar práticas comprovadamente eficazes. 

Quais as características da criação de aves? 

De modo geral, esse é um setor bastante promissor, tanto na avicultura de corte (carne) quanto na de postura (ovos). As principais espécies criadas são frangos, perus, patos, gansos, codornas e avestruzes. 

De acordo com estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o Brasil deve fechar 2024 novamente como o maior exportador de carne de frango do planeta. Além disso, o país é o segundo maior produtor. 

Além disso, embora ainda não ocupe o pódio na produção mundial de ovos, o Brasil vem evoluindo bastante na atividade. Segundo projeção da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a produção de ovos no Brasil poderá alcançar 56,9 bilhões de unidades em 2024 – crescimento aproximado de 8,5% em relação a 2023. 

Obviamente, o principal objetivo da avicultura é o fornecimento de alimentos. Para isso, existem três diferentes sistemas de criação de aves: 

• extensivo: as aves têm acesso a espaços ao ar livre, onde podem realizar comportamentos naturais, como ciscar, empoleirar e buscar alimentos. O objetivo é proporcionar um ambiente mais próximo das condições naturais;   

• semi-intensivo: inclui abrigos na fase inicial, com proteção e rações balanceadas. Nas fases seguintes, as aves têm acesso à pastagem. Esse sistema é popular entre pequenos agricultores; 

• intensivo: as aves são criadas confinadas desde o nascimento até o abate, demandando investimentos significativos em instalações e equipamentos. 

Quais os tipos de avicultura? 

Tanto na avicultura de corte quanto na de postura, existem diversos tipos de criação. Na sequência, explicamos os principais: 

• convencional: as aves são selecionadas geneticamente para produção específica de carne, ovos e pintos, atendendo demandas específicas do processo; 

• caipira: os animais são adquiridos para cruzamento e engorda/postura; 

• caipira-orgânico: as aves são adquiridas como pintos de um dia, destinadas ao abate ou à produção de ovos, sendo criadas livremente com alimentação orgânica; 

• caipira-biodinâmico: a produção utiliza preparados biodinâmicos, isto é, elementos minerais, vegetais e animais, em doses mínimas, para ajudar na adubação do solo. 

Eles não estão relacionados às raças. Dessa forma, o sabor e a consistência da carne são determinados pelo tipo de criação.  A escolha de raças ou cruzamentos produtivos depende do objetivo da criação e da análise cuidadosa das características produtivas. 

Embora a produção intensiva seja fundamental para o fornecimento de proteínas, há uma crescente demanda por alimentos menos industrializados, e é preciso dar atenção a esse nicho de mercado. 

Como iniciar na criação de aves? 

A avicultura requer um comprometimento significativo e atenção constante às aves para assegurar tanto a saúde quanto o bem-estar delas, de modo que você consiga uma produção de alto padrão. 

Para se destacar nesse mercado, é importante observar alguns cuidados específicos que visam melhorar a eficiência operacional e aumentar a produtividade. 

Por isso, elencamos cinco dicas que servem de norte para quem quer iniciar na avicultura e, de certa forma, de lembrete para quem já exerce a atividade. Confira! 

1. Prepare um ambiente adequado 

Para garantir a saúde e o bem-estar das aves de criação, as instalações devem atender a requisitos específicos. Primeiro, precisam ser construídas com materiais resistentes, contando com sistema de drenagem eficiente e mantendo uma densidade adequada de aves por metro quadrado. 

A escolha do local é ponto indispensável, uma vez que é preciso priorizar áreas com fácil acesso e segurança. Também é recomendável ter árvores frutíferas e forrageiras para alimentação e sombreamento, o que vai colaborar com o bem-estar das aves. 

O aviário ou galpão usado para abrigar as aves deve ser construído de forma a permitir boa ventilação, com altura adequada e laterais parcialmente abertas para a renovação do ar. Cercados para pastejo também são essenciais, pois vão dar área de liberdade com acesso a ar fresco, luz natural, repouso sombreado e alimentação. 

Integrar os piquetes ao aviário ajuda no manejo. A quantidade e o tamanho deles para pastejo vão depender do número de aves. Você pode optar por fazer uma rotação para evitar superpastejo e melhorar o controle de endoparasitas. 

2. Mantenha um bom controle sanitário 

As boas práticas no controle sanitário na avicultura são ponto crucial para prevenir doenças que afetam as aves. Nesse sentido, é necessário que esse processo envolva várias ações, como: 

• troca regular da cama no aviário; 

• limpeza frequente de comedouros e bebedouros; 

• implementação de programas de vacinação e vermifugação sob orientação profissional. 

Sempre que um lote de aves for retirado, é indispensável fazer a higienização do ambiente, realizando a remoção das fezes e restos de ração — sem esquecer da lavagem e desinfecção de equipamentos e instalações. 

Também é desaconselhável manter aves estranhas, como patos e gansos, no mesmo ambiente devido ao risco de transmissão de doenças. Assim, ao identificar a presença de alguma enfermidade, adote medidas corretivas imediatamente, como tratamento, isolamento ou abate dos animais doentes. Ainda, desinfete o ambiente. 

Cabe ao avicultor conhecer as principais doenças avícolas e as principais práticas preventivas para evitá-las, as quais incluem a vacinação, o controle de moscas e mosquitos, além da manutenção de padrões rigorosos de higiene. Na avicultura, a prevenção também é o melhor remédio, pois algumas doenças podem causar alta mortalidade, principalmente em aves mal alimentadas. 

Um ponto fundamental é a biossegurança, feita com o uso de produtos sanitários apropriados e a adoção de um calendário de vacinação específico. Além disso, vale a pena salientar que é necessário cumprir rigorosamente as recomendações dos fabricantes e buscar assistência técnica para conseguir um manejo sanitário eficaz na criação avícola. 

3. Dê atenção especial à alimentação das aves 

A alimentação tem papel de destaque na avicultura, representando a maior parte dos custos de produção. As rações (compostas de milho, farelo de soja, trigo e sorgo) variam de acordo com as necessidades nutricionais das aves, dependendo da idade, raça e fase produtiva.  

O consumo da ração impacta diretamente o desempenho da sua criação, sendo necessário dar atenção especial à época da reprodução. 

Balanceie os alimentos essencialmente energéticos e proteicos, como grãos e subprodutos, para suprir as necessidades estruturais e produtivas. Para frangos em crescimento, é necessário manter uma dieta rica em proteína, enquanto galinhas em postura requerem cálcio para ovos saudáveis.  

Além disso, a água, vital para hidratação e consumida em dobro em relação à ração, precisa ser limpa, de qualidade e renovada diariamente, com a limpeza dos bebedouros. 

Executar um bom manejo nutricional garante a eficiência da produção e envolve a busca de fontes alternativas, especialmente em se tratando de galinhas caipiras. Elas têm grande capacidade de adaptação, uma digestão eficiente e conseguem aproveitar alimentos diversos. 

Os alimentos alternativos, como forragens e frutos, complementam a dieta e contribuem para características peculiares da carne e dos ovos, no caso das galinhas caipiras. Ainda assim, ofereça ração balanceada, mesmo que os animais tenham acesso a áreas externas. 

Por último, você também deve evitar o uso de aditivos, comuns em rações comerciais, a fim de favorecer métodos mais naturais. Uma opção é produzir a ração na propriedade, misturando ingredientes locais, mas isso exige conhecimento técnico. 

4. Foque em tecnologia e inovação 

A utilização de tecnologias na avicultura — incluindo monitoramento eletrônico com sensores e câmeras, automação de processos, seleção genética e análise de dados — tem impactos significativos na produção de aves. 

Aplicar boas práticas de produção abrange manejo, instalações, biossegurança e alimentação, o que contribui muito para garantir a qualidade e a segurança dos alimentos. Desse modo, você precisa contar com recursos tecnológicos para garantir esse resultado, usando, por exemplo, robôs que desempenham diversas funções, desde a coleta de ovos até a prevenção e controle de doenças. 

Atualmente, muitos produtores já usam sensores para monitorar variáveis, como amônia, dióxido de carbono e clima no aviário, ajudando a garantir a qualidade do ambiente e a saúde das aves. 

Ao implementar tecnologias que otimizem a produção de forma sustentável, o seu empreendimento beneficiará toda a cadeia, desde o seu negócio até o consumidor final. 

5. Planeje a comercialização das aves 

A crescente busca por alimentos saudáveis vem impulsionando a procura por carnes e ovos caipiras, ampliando as oportunidades para pequenos criadores. Alguns aspectos (como sabor diferenciado, coloração da gema e intensidade de sabor, cor e textura da carne) são pontos que atraem os consumidores. 

Para aproveitar a demanda de mercado e impulsionar o seu negócio, planeje as melhores estratégias de comercialização. Existem diversos caminhos, que podem ser complementares: 

• venda direta ao consumidor; 

• participação em feiras livres; 

• parcerias com supermercados locais; 

• venda de aves vivas ou abatidas etc. 

Uma boa dica é usar embalagens personalizadas para aves abatidas e ovos. Assim, você consegue melhorar a apresentação dos produtos e atrair mais clientes. 

É importante atender às normas vigentes para garantir a qualidade e a segurança dos produtos. Por isso, foque na biosseguridade nos plantéis,na certificação e na conservação. Não esqueça de cuidar do bom acondicionamento e da idade dos ovos para assegurar a qualidade do produto. 

Promova, ainda, os diferenciais dos produtos, destacando, por exemplo, que a carne de galinha caipira é rica em proteínas, energia, vitaminas e minerais, enquanto os ovos se diferenciam em sabor e consistência, além de versáteis e de também serem saudáveis. O marketing é fundamental para o sucesso de qualquer negócio! 

Conforme explicado ao longo texto, quem trabalha com criação de aves precisa conhecer os cuidados básicos e como fazer uso de tecnologias para aprimorar a produção. Para continuar se aprofundando no assunto, recomendamos que leia nosso artigo sobre avicultura de corte.