Créditos de biodiversidade: o que são, objetivo e importância
Você já ouviu falar em créditos de biodiversidade? Esse é um conceito relativamente novo, mas que vem ganhando espaço no cenário ambiental e econômico do Brasil e do mundo, principalmente entre os produtores rurais.
Mas o que é esse crédito, como ele surgiu e qual o objetivo dele? Vamos explicar tudo isso para você ao longo deste artigo. Então, continue até o final para aprender e aproveite as dicas. Boa leitura!
O que é crédito de biodiversidade?
O crédito de biodiversidade nada mais é do que uma forma de valorizar os serviços ecossistêmicos prestados pela natureza. Isto é, os benefícios que a biodiversidade proporciona à humanidade — polinização, regulação do clima, purificação da água, produção de alimentos, entre outros.
Esses serviços são essenciais à nossa sobrevivência e qualidade de vida, mas muitas vezes não são reconhecidos ou remunerados. Portanto, quando preservamos esses bens tão valiosos, obtemos uma espécie de moeda em troca.
Qual é a origem dos créditos de biodiversidade?
O surgimento desse crédito se deu como uma forma de incentivar a conservação e o uso sustentável da biodiversidade. Ao mesmo tempo, ele contribui para gerar renda e desenvolvimento às comunidades locais que vivem em áreas de alto valor ecológico.
Essa “moeda” funciona como uma unidade de medida que representa determinado serviço prestado em favor da natureza. Por exemplo, preservação de uma área de floresta, restauração de uma área degradada, manutenção da diversidade genética de uma espécie, e assim por diante.
Qual é o objetivo dos créditos de biodiversidade?
O principal objetivo desses créditos é criar um mercado voluntário que possibilite a compra e venda dessas unidades. Além de uma compensação financeira a quem preserva ou recupera a biodiversidade, gera uma compensação ambiental a quem consome ou impacta o ecossistema.
Dessa forma, os créditos de biodiversidade podem ser usados como uma ferramenta de gestão ambiental, de responsabilidade social e de geração de valor às empresas, organizações e indivíduos que se preocupam com o meio ambiente e querem contribuir para sua conservação. É uma maneira de fomentar o cuidado com o futuro.
Os créditos ainda são uma novidade no Brasil, mas já existem iniciativas em andamento, como:
- Programa Produtor de Água do Distrito Federal, que paga aos produtores rurais que adotam práticas sustentáveis na gestão da água;
- Programa Nascentes do Estado de São Paulo, que financia projetos de restauração florestal em áreas prioritárias para a proteção dos recursos hídricos;
- Reserva Mata do Uru, que aplica a metodologia para certificação de conservação da biodiversidade e o cálculo para geração dos créditos de biodiversidade.
Esse é um meio inovador e promissor de valorizar a natureza e promover o uso racional, alinhado aos princípios ASG, de buscar o equilíbrio socioambiental e o retorno financeiro, com segurança e transparência.
Os créditos geram benefícios ambientais, sociais e econômicos a todos os envolvidos, desde produtores até consumidores. Por isso, é importante conhecer e apoiar essa ideia, que pode fazer a diferença para o futuro do nosso planeta.
Quais as diferenças em relação ao crédito de carbono?
O crédito de biodiversidade pode ser gerado por projetos que promovem a proteção ou a recuperação de áreas degradadas, como criação de reservas privadas, reflorestamento, agrofloresta etc. Além disso, pode ser vendido ou doado a empresas, governos ou indivíduos que queiram compensar os impactos negativos de suas atividades sobre a natureza.
Já o crédito de carbono é uma maneira de quantificar a redução das emissões de gases de efeito estufa ou a remoção de C02. Ele pode ser gerado por projetos que evitam o desmatamento, que restauram florestas, que usam fontes renováveis de energia, que melhoram a eficiência energética e muitos outros.
Esse tipo de crédito pode ser comercializado em mercados regulados ou voluntários, em que os compradores podem ser empresas que precisam cumprir metas de redução de emissões ou indivíduos que querem neutralizar sua pegada de carbono.
Portanto, o crédito de biodiversidade e o crédito de carbono têm objetivos e metodologias diferentes, mas ambos contribuem com os princípios de sustentabilidade ambiental e social. Ao apoiar projetos que geram esses créditos, você ajuda a preservar a vida no planeta e na adaptação as mudanças climáticas.
Como são calculados os créditos de biodiversidade?
Agora que você sabe que os créditos de biodiversidade funcionam como um mercado de carbono voltado à conservação da biodiversidade, está na hora de saber como eles são calculados. Para fazer essa conta, é preciso considerar fatores como:
- tipo de ecossistema;
- grau de ameaça que ele sofre;
- importância ecológica da área;
- potencial de recuperação;
- custo de manutenção.
Cada um desses fatores recebe uma pontuação, que é multiplicada pelo tamanho da área a ser preservada ou restaurada. O resultado é o número de créditos de biodiversidade gerados pela ação, que podem ser vendidos a quem precisa compensar seus impactos socioambientais.
Por exemplo, uma empresa que constrói uma rodovia pode comprar créditos de biodiversidade de uma reserva florestal que protege espécies ameaçadas. Assim, além de cumprir sua obrigação legal, também contribui para a preservação da natureza.
Qual é a importância desses créditos?
Os créditos de biodiversidade incentivam a proteção e o uso sustentável dos recursos naturais. Eles valorizam os serviços prestados em prol da natureza. Por outro lado, estimulam o desenvolvimento de projetos de restauração ecológica, que podem gerar emprego e renda para as comunidades locais, além de melhorar a qualidade de vida e a saúde das pessoas.
Estamos falando de uma ferramenta importante para o cumprimento das metas socioambientais nacionais e internacionais, como o Acordo de Paris, a Convenção sobre Diversidade Biológica e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Além disso, é um modo de reconhecer e recompensar os esforços dos proprietários rurais, das organizações da sociedade civil e dos governos que se dedicam à conservação da biodiversidade. Trata-se de uma oportunidade para aliar o crescimento econômico com a preservação ambiental, criando um cenário mais justo e equilibrado ao planeta e às futuras gerações.
Como aproveitar os créditos de biodiversidade?
Se você tem uma área natural que está preservando ou restaurando, pode gerar créditos de biodiversidade e vendê-los no mercado. Para isso, é necessário seguir alguns passos.
O primeiro deles é identificar o potencial da sua área para gerar esses créditos. Você pode fazer isso consultando um especialista ou usando ferramentas on-line que estimam o valor da sua área com base em critérios como localização, tamanho, tipo de vegetação, grau de conservação, entre outros.
Depois, é interessante elaborar um projeto que descreva informações relevantes, como:
- características da sua área;
- atividades que serão realizadas para conservar ou restaurar o ecossistema natural;
- custos e benefícios envolvidos;
- indicadores de monitoramento e avaliação.
Além disso, não se esqueça de registrar seu projeto em uma plataforma on-line de créditos de biodiversidade. Assim, você o divulga e pode encontrar potenciais compradores.
O passo seguinte é negociar com os compradores interessados. É você quem define o preço dos seus créditos, baseado na oferta e na demanda do mercado, bem como nas características específicas do seu projeto. Você também pode negociar as condições de pagamento, entrega e verificação dos créditos.
Por fim, é implementar o projeto e monitorar os resultados. Lembre-se de cumprir com as atividades previstas no seu plano e comprovar a conservação ou restauração da biodiversidade na sua área. Os resultados devem ser reportados à plataforma e aos compradores dos seus créditos periodicamente.
Dicas para aproveitar esses créditos como comprador
Você pode comprar créditos de biodiversidade no mercado para compensar seus impactos ambientais ou contribuir para a proteção da natureza. Primeiramente, é necessário definir seu objetivo e seu orçamento para as aquisições.
É possível comprar créditos para atender a uma exigência legal ou voluntária de compensação ambiental, melhorar sua imagem corporativa ou pessoal, apoiar uma causa ambiental específica, entre outras motivações. Você também deve definir quanto está disposto a pagar pelos créditos.
Pesquise projetos disponíveis nas plataformas on-line de créditos de biodiversidade. Filtre por critérios como localização, tipo de vegetação, importância ecológica, benefícios sociais e econômicos, entre outros. Além disso, verifique as informações sobre a qualidade e a transparência dos projetos, como certificações, auditorias, relatórios etc.
Então, basta escolher o que mais se adéqua ao seu objetivo e ao seu orçamento, comparando os projetos e os preços dos créditos. Depois de adquirir seus créditos, receba o comprovante e o atestado de compra. Não se esqueça de acompanhar o projeto, seus indicadores, avaliações e resultados.
Quais as perspectivas em relação aos créditos de biodiversidade?
As perspectivas em relação aos créditos de biodiversidade são bastante promissoras. Existe uma demanda crescente por soluções baseadas na natureza para mitigar as mudanças climáticas e promover o desenvolvimento equilibrado por meio da agricultura sustentável ou de outras práticas.
Além disso, há um reconhecimento cada vez maior do valor econômico e social do equilíbrio da natureza e dos benefícios que ela proporciona em diversos âmbitos, como saúde, segurança alimentar, qualidade da água, regulação do clima, entre outros.
Obviamente, também há desafios e incertezas a superar para que os créditos de biodiversidade se consolidem como uma ferramenta eficaz e confiável. Entre eles, estão:
- falta de padronização e transparência nos critérios de elegibilidade, mensuração, verificação e certificação dos projetos;
- necessidade de garantir a adicionalidade, a permanência e a redução do risco de vazamento das ações de conservação e restauração;
- dificuldade de estabelecer preços justos e competitivos que reflitam o valor real da biodiversidade;
- importância de envolver as comunidades locais e respeitar seus direitos e interesses.
Em resumo, os créditos de biodiversidade são uma oportunidade para aliar a proteção da natureza com o desenvolvimento econômico e social. Ao mesmo tempo, exigem regulamentação adequada, governança participativa e fiscalização rigorosa para garantir sua qualidade e credibilidade.
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