Aprenda a fazer o controle de pragas na agricultura

Para a FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations), praga é qualquer espécie, raça ou biótipo de planta, animal ou agente patogênico nocivo a plantas ou produtos vegetais. As pragas representam um sério risco e, portanto, o controle de pragas na agricultura precisa sempre ser implementado.

Quando não controladas adequadamente, as pragas podem chegar a provocar prejuízos tão elevados que inviabilizam a produção. Assim, conhecê-las para cada cultura, tanto quanto a forma de exercer o melhor controle possível sobre elas é indispensável para o agronegócio.

Continue a leitura e aprenda a fazer o controle de pragas na agricultura!

Qual a importância do controle de pragas na agricultura?

O clima reinante nas diversas regiões do Brasil é bastante propício ao desenvolvimento de uma grande diversidade de pragas que afetam a produção agrícola. Desde a semente no campo até o produto colhido e armazenado no galpão, nada está a salvo.

Nesse universo de pragas, estão inclusas lagartas, brocas, moscas, cochonilhas, fungos e nematoides, entre uma infinidade de organismos que têm nas plantas cultivadas sua fonte de alimento. É uma concorrência que seria desleal, não fossem os métodos de controle desenvolvidos.

Dessa forma, o controle de pragas é parte indispensável das ações de manejo constantes do planejamento de qualquer atividade agrícola. Um descuido nesse aspecto pode comprometer a produtividade da lavoura e, muitas vezes, levar a uma perda total.

Além disso, o descuido de um produtor pode levar à necessidade de retrabalho nas propriedades vizinhas, principalmente quando se trata de culturas semelhantes ou da mesma família botânica. Desse modo, trata-se de um assunto sério que não admite descaso, pois os custos podem ser muito elevados.

Como fazer o controle de pragas?

Desde as épocas mais antigas, quando surgiu a agricultura, junto com seu desenvolvimento foi crescendo a necessidade de controlar as pragas que iam surgindo. Isso nunca mais parou, de modo que hoje há uma infinidade de organismos cuja ação deve ser controlada ou haverá risco de perda da lavoura.

Nesse processo, a experiência — e atualmente a tecnologia — foram evoluindo e desenvolvendo técnicas cada vez mais aprimoradas para o controle das pragas. Acompanhe a seguir as principais formas de se proceder ao controle para incorporá-las na gestão da propriedade.

Rotação de culturas

O cultivo de uma mesma lavoura seguidamente em um mesmo local permite que diversas pragas se instalem na área. Desse modo, as pragas podem permanecer no solo, na palhada e, por vezes, na vegetação ruderal próxima aos campos de cultivo.

A rotação de culturas, por sua vez, consiste na substituição da espécie cultivada, após a colheita, preferencialmente por outra de família botânica diferente, uma vez que muitas pragas são específicas de determinadas culturas. Com isso, evita-se a instalação, na área de cultivo, de pragas que costumam voltar com mais força.

O planejamento agrícola deve considerar a possibilidade, principalmente em função de mercado e de área disponível. Dessa forma, é possível produzir uma cultura em uma área e outra em área diferente. Na safra seguinte, faz-se a troca de modo a interromper o ciclo das pragas ocorrentes.

Controle químico

O controle químico é a forma tradicional de combate às pragas, fazendo uso de defensivos agrícolas. Sua utilização deve ser parcimoniosa, bem planejada e com todos os cuidados que a operação requer.

O emprego de defensivos agrícolas deve ser racionalizado e destinado às situações em que as demais formas de controle não alcançam resultados suficientemente satisfatórios.

Controle biológico

O controle biológico consiste na utilização de inimigos naturais das pragas. Estes, por sua vez, são constituídos principalmente por predadores e parasitos dos organismos que atacam as plantas cultivadas.

O controle biológico só pode fazer uso de espécies que não sejam nocivas para o homem e os animais, nem deixem resíduos na lavoura. A ciência tem pesquisado há muitos anos e encontrado um bom número, sobretudo de microrganismos que parasitam as pragas.

Muitos já são comercializados na forma de esporos em solução ou na forma de grânulos, para serem diluídos e aplicados no solo e na plantação, dependendo da espécie. O emprego do controle biológico deve compor, para resultados mais efetivos, a estratégia do MIP, que será vista a seguir.

MIP

MIP é a sigla para Manejo Integrado de Pragas, uma abordagem ampla em sua concepção e bastante racional e sustentável em sua aplicação. O MIP surgiu nos anos 1960 como uma alternativa ao uso indiscriminado e descontrolado de defensivos agrícolas.

Sua implantação faz uso de diversas técnicas, de modo integrado, com vistas a limitar as perdas e os danos à lavoura, ao mesmo tempo em que procura reduzir os efeitos adversos do próprio tratamento.

Para esse fim, devem ser adotadas as seguintes iniciativas, entre outras:

• trabalhar preferencialmente com variedades resistentes: na hora de escolher a semente para o plantio, leve em conta a existência de variedades resistentes às principais pragas da cultura;
• adotar as práticas agrícolas mais adequadas ao controle das pragas da cultura: leve em conta a rotação de culturas, as adequações do cronograma agrícola e a recuperação do solo;
• conhecer as pragas ocorrentes: por tratar-se de ações integradas, é necessário que se obtenha precisão nas informações e, portanto, o ideal é a realização de pesquisas de campo para identificação das espécies que ameaçam a lavoura;
• reconhecer a existência de inimigos naturais: uma vez identificadas as pragas ocorrentes, deve-se procurar pelos inimigos naturais existentes e pesquisar outros que possam ser introduzidos ou estimulados na lavoura;
• adotar o controle biológico: havendo disponibilidade de se fazer uso de inimigos naturais das pragas ocorrentes, a prática do controle biológico deve ser adotada concomitantemente às demais medidas;
• identificar os defensivos agrícolas pertinentes: sua utilização pode ser necessária, embora de forma mais reduzida e controlada;
• implementar a agricultura de precisão: a tecnologia trouxe para o campo a chamada agricultura de precisão, fazendo uso de sensores, drones e equipamentos diversos.

Utilização de novas tecnologias

A tecnologia atravessou a porteira com a agricultura de precisão operando sensores, dados em tempo real, drones e uma infinidade de recursos. Essas facilidades devem ser implementadas em harmonia com as culturas desenvolvidas na propriedade, de modo a facilitar o controle das pragas ocorrentes na lavoura.

O uso de drones, por exemplo, permite identificar áreas de reboleiras atacadas. Dessa forma, pode-se dirigir o tratamento apenas àquela área, evitando que os danos se espalhem.

Por sua vez, pulverizadores modernos e equipamentos embarcados de dosagem e regulagem de defensivos permitem uma grande otimização no uso de inseticidas e fungicidas principalmente. Sua utilização correta permite economia nos custos e menores riscos para o meio ambiente e o pessoal de campo.

Qual a frequência com que deve ser realizado?

A chave para o controle de pragas na lavoura é a implantação de um permanente sistema de monitoramento, de modo a identificar a presença dos inimigos da cultura logo no início.

Dependendo da cultura e da biologia da praga considerada, o controle deverá ser feito:

• antes do plantio, com aplicações no solo;
• durante o plantio, com aplicações na linha ou nas covas;
• durante a emergência da plântula;
• durante o desenvolvimento da planta;
• durante a frutificação, quando pertinente.

A frequência e o momento da aplicação dependem do organismo que está sendo controlado ou combatido, assim como do nível de infestação. Além disso, também dependem da cultura e da fase de desenvolvimento em que se encontra a lavoura.

Como você pode ver, o controle de pragas na agricultura é indispensável e precisa ser planejado, uma vez que existem medidas a serem tomadas antes mesmo do plantio.

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