Citricultura: como é a produção e o mercado de frutas cítricas no Brasil
Quando pensamos em frutas cítricas, logo imaginamos as mais conhecidas, como a laranja e o limão. Elas são as mais comercializadas, mas existem muitas outras que fazem parte dessa categoria de cítricos. São as tangerinas, limas, cidras e híbridos.
Neste artigo, falamos um pouco sobre a produção dos cítricos e como está o mercado da citricultura no Brasil. Que tal conferir?
Como é a produção de frutas cítricas e quais são suas particularidades?
A citricultura é um dos principais ramos do agronegócio internacional, e o Brasil lidera a produção dessa cultura, bem como a exportação de suco de laranja congelado e concentrado.
Esse tipo de cultivo se adapta facilmente aos solos que apresentam diferentes características físicas e químicas. No entanto, é uma cultura que se ajusta melhor aos solos com textura média, areados, bem drenados e profundos, com boa fertilidade e pouca acidez. Dessa forma, podem desenvolver melhor as árvores e aumentar a produção de frutos.
Seu crescimento vegetativo necessita de temperaturas que variam entre 13ºC e 40ºC, sendo a faixa ótima observada entre 23ºC e 32ºC. Sua cor alaranjada se intensifica com baixas temperaturas quando está na época do amadurecimento, e isso valoriza os frutos para a comercialização. Em climas mais quentes, os frutos ficam mais doces.
Os pomares comerciais precisam de planejamento baseado na avaliação da capacidade de uso do solo. Isso é importante para garantir a manutenção da sustentabilidade da produção. Sendo assim, as estratégias de otimização da citricultura dependem de uma série de fatores. Entre eles, é preciso garantir:
- sistematização do terreno, o que engloba plantio em nível, construção de terraços, de canais de drenagem, plantio de camalhões e outros;
- irrigação;
- manejo da fertilidade do terreno: adubação e calagem.
A irrigação pode aumentar a produtividade, mesmo em locais que apresentem uma boa quantidade de chuvas. Os sistemas mais usados são de gotejamento e irrigação por microaspersão.
Mudas e porta-enxertos
Outro elemento importante para assegurar pomares produtivos e sadios é a qualidade das mudas, que devem ser adquiridas de viveiros registrados no Registro Nacional de Sementes e Mudas (Renasem). Uma muda de qualidade depende da correta escolha do porta-enxerto, sendo que a combinação deste com a copa responde por diversas características das plantas. Entre elas, podemos citar a resistência a doenças, seca e pragas, a adaptação a diferentes tipos de solo, a qualidade dos frutos, a produtividade e o porte das plantas.
Assim, a borbulha (parte a ser enxertada no porta-enxerto e que dará origem à copa) precisa ser originada de plantas matrizes sem doenças, especialmente as que são transmitidas por meio de enxertia.
No tocante ao plantio, a abertura das covas pode ser realizada de forma mecanizada ou manual. Nesse último caso, separa-se a camada superficial da terra do fundo da cova, que é mais rica em nutrientes e deve ser usada para preencher a cova novamente, depois de misturar esterco, calcário e adubo. A quantidade ideal depende de uma análise do solo antes do plantio.
Depois de plantar as mudas, os cuidados mais importantes com a cultura se concentram nas irrigações até a fase do pegamento. É necessário, ainda, controlar a abelha-irapuá, as formigas cortadeiras de folhas e eliminar as brotações que aparecerem abaixo das principais ramificações. É preciso, também, fazer o replantio das mudas mortas.
Como está a citricultura atualmente no Brasil?
Nosso país tem ótimas condições climáticas para o cultivo de cítricos, e as estimativas são muito otimistas para potencializar ainda mais o mercado nacional. As regiões Sul e Sudeste tornaram-se as maiores produtoras de laranja, limão e tangerina, graças às técnicas de cultivo inovadoras e aos equipamentos de última geração. Além disso, os citricultores melhoram continuamente a produtividade das lavouras, otimizam o rendimento dos negócios e preservam os pomares.
A pandemia de Covid-19 aumentou a demanda de frutas cítricas no Brasil em relação aos anos anteriores, e a motivação para isso provavelmente está relacionada à preocupação com a saúde. Essas frutas são ricas em vitamina C e, por isso, melhoram o sistema imunológico do corpo, o que levou muita gente a consumir esses frutos.
Dessa forma, com a alta procura, o setor de cítricos no Brasil e no mundo todo apresentou crescimento. Portanto, a produção não parou e continua em alta. Só o estado de São Paulo responde por 80% do cultivo de laranjas no país. Parece incrível, mas a laranja está em terceiro lugar na lista dos principais produtos produzidos em São Paulo, em termos de valores.
E, ainda que boa parte do suco de laranja aqui produzido seja destinado à exportação, a demanda interna aumentou significativamente, considerando que a preferência do brasileiro é pelo suco extraído na hora, devido à alta concentração da vitamina C. Assim, com o passar dos anos, essa preferência garantiu a venda e o escoamento da produção da fruta aos produtores de laranja de mesa, principalmente os paulistas.
Quanto às vendas para o mercado externo, as principais são direcionadas ao Canadá, aos Estados Unidos e à Europa. E esse é um dos motivos que levam as frutas cítricas do Brasil a serem conhecidas por uma parte significativa do mundo.
A pandemia provocou uma ligeira queda nas exportações e afetou um pouco os valores de venda do suco de laranja. Contudo, de acordo com o Instituto de Economia Agrícola, o mercado internacional sinaliza para um crescimento dos valores, sendo possível verificar uma significativa recuperação dos preços.
Tal aumento se justifica pela demanda crescente, tendo em vista que os estoques do produto se mantêm elevados.
Quais são as perspectivas para a citricultura?
Estima-se que a safra de laranja 2022/2023 para a principal região do mundo onde se produz laranja, ou seja, São Paulo e Sudoeste de Minas Gerais, será de 316,95 milhões de caixas de 40,8 Kg. Essas são informações fornecidas pelo Fundecitrus, no final de maio de 2022. Dessa forma, comparando-se com a safra anterior, que foi de 262,97 milhões de caixas, o aumento esperado é de 20,53%.
Essa perspectiva positiva revela que os pomares se recuperaram dos problemas climáticos ocorridos em 2020 e 2021, que incluem geada e seca. O papel do retorno das chuvas foi vital para a estimativa levantada e, se o número apontado for confirmado, teremos um saldo positivo no ciclo bienal de produção.
O mercado brasileiro de citricultura é, portanto, muito favorável, apesar das dificuldades que enfrentamos nos últimos anos, incluindo a pandemia e os desequilíbrios do clima.
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