
Beneficiamento de grãos: confira detalhes sobre cada etapa desse processo
O beneficiamento de grãos consiste em uma série de etapas de preparação do grão ou da semente antes de ser comercializado. A intenção é remover materiais inertes (torrões de solo, insetos, pedaços de sabugo, folhas, galhos, vagens e sementes de plantas daninhas), além de grãos malformados, atacados por insetos e de outras culturas, e com isso dar qualidade ao material. Nesse contexto, é preciso obedecer a um limite estabelecido de impurezas, sendo que este varia dependendo do grão.
Neste artigo, vamos explicar as etapas do beneficiamento de grãos. Falaremos quais delas são obrigatórias e quais os principais cuidados a serem tomados para promover um processo eficiente, capaz de gerar boa rentabilidade para você. Aproveite!
Como funciona o beneficiamento de grãos?
Antes de tudo, é importante destacar: os beneficiamentos de grãos e de sementes possuem etapas diferentes! Dito isso, vamos à explicação sobre como funciona, especificamente, o beneficiamento de grãos.
Após a colheita, os grãos são encaminhados a uma UBG, que é a Unidade de Beneficiamento de Grãos. Este local, por razões estratégicas, costuma estar localizado próximo ao ambiente de produção, de modo que os grãos são submetidos a processos de limpeza e secagem.
Quais são as principais etapas?
As etapas mais gerais do beneficiamento de grãos contemplam recepção, amostragem, pré-limpeza, limpeza dos grãos e operações especiais. Em seguida, você verá especificações de acordo com o tipo de grão. Acompanhe!
Recepção
Primeiramente, os grãos são guardados em um equipamento chamado moega. Nesta etapa, são identificados os níveis de impurezas, umidade e componentes estranhos, pois isso vai definir quais serão as próximas etapas do processo.
Na prática, isso é feito por meio de amostragem, de modo que, se a umidade estiver alta nos grãos, por exemplo, eles devem ser secados rapidamente. A intenção é evitar a deterioração do produto.
Amostragem
A amostragem dos grãos costuma ser feita por equipamentos chamados caladores. Nesta etapa, é importante destacar que as amostras precisam ser extraídas de locais e de profundidades diferentes do volume da carga de grãos colhidos nas carretas.
Para usar corretamente um calador, ele precisa estar em posição vertical e ser enterrado até o final do volume de grãos, viabilizando, assim, a extração de amostras no terço superior, no meio e no terço inferior da carga a ser amostrada.
Isso é feito para garantir a coleta de uma amostra homogênea, que contenha os grãos da parte superior da carga, que podem ter sofrido com intempéries durante o transporte, e as impurezas que sofreram segmentação durante a viagem, em decorrência da trepidação do veículo, a qual faz com que as impurezas maiores se acumulem no fundo da carroceria do caminhão, e as mais leves, na parte superior. Os pontos de coleta de uma mesma carga devem ser aleatórios.
Pré-limpeza
Com base na amostragem, se o percentual de materiais estranhos e impurezas estiver na casa de 4%, é preciso fazer a pré-limpeza dos grãos. Um ponto importante sobre essa etapa é que, quando feita, ela facilita o transporte do produto entre elevadores, deixando o fluxo no armazém mais tranquilo.
Para a pré-limpeza, são usadas peneiras e máquinas de ar, sendo que a separação de impurezas leves ocorre por meio de ventiladores e peneiras de diferentes tamanhos e furos para separação por espessura e largura.
Limpeza
Para esta etapa do beneficiamento de grãos, são empregadas a mesa densimétrica e as peneiras de ar. Essa fase ocorre quando nem todas as impurezas e materiais estranhos são removidos na pré-limpeza.
Operações especiais
Outros dois procedimentos importantes são a classificação e o armazenamento dos grãos. O primeiro busca fazer uma classificação com base no tamanho dos grãos, visando facilitar a padronização em lotes. O segundo, vale destacar, é acompanhado pelo processo de secagem, sendo que os grãos devem obedecer a um percentual que varia entre eles.
Para alguns desses produtos, de acordo com publicação do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), os percentuais são:
- milho: umidade máxima de 23% na colheita. Após a secagem, para um armazenamento seguro, esse percentual deve cair para 11%;
- soja: umidade máxima de 18% na colheita. Após a secagem, para um armazenamento seguro, esse percentual deve cair para algo entre 11% e 12%;
- trigo: umidade máxima de 23% na colheita. Após a secagem, para um armazenamento seguro, esse percentual deve cair para 8%.
Como é o beneficiamento da soja?
No caso da soja, a primeira etapa do beneficiamento é a pré-limpeza. Em seguida, os grãos são secos, pré-limpos, padronizados, tratados e pesados. Por fim, caso necessário, são colocados em embalagens, amostrados, identificados e armazenados.
Um dos equipamentos usados é a mesa densimétrica, que tem a função de separar os grãos da soja com base na densidade. Quando o grão de soja é leve, isso indica que ela foi afetada por fungos e insetos, por exemplo, enquanto as mais pesadas estão associadas a uma qualidade maior.
Como é o beneficiamento do milho?
Em geral, a primeira etapa de beneficiamento dos grãos de milho é a amostragem inicial. Em seguida, ocorre a pré-limpeza, sendo empregada, para isso, uma mesa de gravidade. Posteriormente, os grãos são secos, a fim de promover um armazenamento seguro do milho em embalagens, antes da comercialização.
Como é o beneficiamento da cevada?
Uma das etapas fundamentais do beneficiamento desse grão é a secagem. Além disso, a cevada é conhecida por apresentar várias impurezas no ato da colheita, como pedras e restos de insetos.
Quanto menor a umidade, mais tempo a cevada pode ficar armazenada com segurança. De acordo com a publicação do SENAR citada anteriormente no texto, o percentual de umidade deve ser abaixo de 12,5%.
Como é o beneficiamento da aveia?
Assim como a cevada, a aveia precisa ser beneficiada tendo em vista a baixa umidade. Na colheita, esse percentual deve estar abaixo de 20%, sendo que há uma particularidade importante: o grão não pode, depois da maturação, receber chuva, pois isso pode escurecê-lo.
Quais etapas são obrigatórias no beneficiamento de grãos?
O que vai determinar a quantidade de etapas do beneficiamento são os tipos de grãos. Nesse sentido, a secagem, por exemplo, nem sempre será obrigatória — depende de como foi feita a pré-limpeza.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) determina o seguinte: caso o produtor rural faça a comercialização rápida de sua colheita, ele deve limpar, secar e classificar os grãos. O intuito é evitar que impurezas e materiais estranhos não correspondam a mais de 1% e que a umidade máxima seja de 13%.
Por outro lado, se a comercialização não for imediata, a limpeza não é obrigatória, bastando fazer a secagem e, claro, o armazenamento.
Quais cuidados tomar durante o beneficiamento de grãos?
Para que todas as etapas ocorram com eficiência e segurança, é crucial estar atento a alguns pontos. A seguir, vamos apresentar os principais!
Evite goteiras no local de armazenagem
É de grande importância verificar constantemente as condições do telhado onde os grãos são armazenados. Isso porque, se houver goteiras no espaço, a água entra em contato com o produto, facilitando, assim, a germinação e a deterioração dos grãos.
Use a temperatura ideal para a secagem
Considerando que a secagem é feita quando os grãos têm umidade elevada, é necessário checar a temperatura empregada no processo. Se isso não for devidamente observado, a qualidade dos grãos pode ficar comprometida durante o armazenamento. E, claro, isso afeta as margens de lucro.
Principais sinais de alerta na armazenagem
Com o passar do tempo, é normal os equipamentos apresentarem algum defeito e precisarem de manutenção. Por isso, monitorar as condições das máquinas é fundamental. Problemas decorrentes do mau funcionamento são:
- perda de peso da massa dos grãos;
- Aspectos de deterioração, como mofo ou fermentação;
- Mistura de espécies na massa de grãos;
- surgimento de odores.
O beneficiamento de grãos, como vimos, é composto por etapas obrigatórias e não obrigatórias. É essencial estar atento, entre outros aspectos, às condições dos equipamentos e aos percentuais de umidade na hora de armazenar os grãos. Com isso, você evita que eles percam qualidade e prejudiquem sua receita.
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